Decoração

Philippe Starck assina hotel em São Paulo com homenagem madura ao Brasil

Luan Galani*
20/10/2016 21:55
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Uma das suítes do Rosewood São Paulo que contou com curadoria criativa do designer francês Philippe Starck. Fotos: Ruy Teixeira/Divulgação

O luxo também mora no Brasil. Essa é a principal mensagem que o complexo de luxo Rosewood São Paulo traz.
Com previsão de entrega para o segundo semestre de 2017, o projeto vai abrigar diferentes espaços, entre hotel 6 estrelas, torre de residências, restaurantes e áreas de exposição.
Em comum, o comprometimento pela desconstrução cultural em celebrar a brasilidade com materiais, soluções, design, fábricas e talentos locais. Tudo sem cair no alegórico, em uma interpretação madura de Brasil.
Como os mármores brasileiros, amplamente utilizados no projeto, que são todos de jazidas do Paraná e não devem em nada para os similares italianos, tão aclamados pelo mercado.
“Tudo vocês buscam lá fora: Miami, Paris, Milão. Não precisa. Com o projeto, queremos reforçar que o incrível também mora aqui“, defende o empresário Alexandre Allard, idealizador dos espaços.
O local escolhido para receber o empreendimento é a Cidade Matarazzo, a um quarteirão da Avenida Paulista, onde antigamente funcionou o hospital e maternidade homônimos que marcaram a história de São Paulo. Atualmente o projeto é a maior obra privada de revitalização do patrimônio, com investimento de aproximadamente R$ 3,7 bilhões.
O astro francês Philippe Starck é responsável pela decoração das suítes residenciais do projeto, o primeiro que assina em São Paulo. “Queremos inspirar o sonho dos adultos e valorizar o luxo genuinamente brasileiro”, confidenciou Starck. “No início foi difícil porque encontramos a visão do pobre pragmático: ninguém acreditava que os produtos brasileiros eram bons. Só acreditam depois que veem”. Ao todo, as metragens das suítes variam de 130 m² a 450 m².
Foram mais de sete anos dedicados ao projeto em que Starck esteve no país inúmeras vezes e fez uma imersão na cultura, materiais, formas, artesãos e fornecedores. “Minha primeira reação ao descobrir a Cidade Matarazzo foi um choque. O choque de ver um lugar fora de tudo, infinito, fora da realidade. Um lugar de sonho, como um conto maravilhoso debaixo de uma redoma vigiada por fadas.”, revela Starck.
“Este lugar não é material, é a essência de São Paulo, e especialmente das pessoas que nasceram aqui. Há a magia de achar uma joia que expressa todo o enorme espírito dos brasileiros e habitantes de São Paulo. É um lugar que nos mergulha imediatamente no sonho, na imaginação, nos contos de crianças e nos contos de adultos. Lá, tudo pode acontecer.”
Para completar o feito, representantes do empreendimento viajaram por todo o Brasil por um ano e meio. Mais de 100 empresas foram envolvidas. “Escondem-se gênios no Brasil. Mas vocês não percebem. É como um casamento de décadas, em que você não percebe mais a beleza de quem dorme ao seu lado”, avisa Allard.
Tudo sem abrir mão da sustentabilidade, o que é mais um ponto positivo do projeto, que se insere na natureza viva da Cidade Matarazzo, que já reciclou mais de 62 mil m³ de material e que começará a utilizar água da chuva nas obras. Sem falar na manutenção da área verde do local, repleto de plantas raras e árvores típicas da Mata Atlântica.
Em tempo: apesar da intenção e da arquitetura e interiores impressionante, o projeto guarda uma incoerência inquietante, que inevitavelmente flerta com nosso passado colonialista.
Parece nascer com o intuito de despertar o Brasil para suas próprias riquezas e talentos, mas não quando é para projetar o espaço e coordenar a criação, o que justificou a contratação do arquiteto Jean Nouvel, do designer Philippe Starck e do paisagista Louis Benech.
*O jornalista viajou a convite do Rosewood São Paulo.

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