Tecnologia
Decoração
Mobiliário e superfícies capazes de promover a saúde ganham força na pandemia

Hall de entrada com mobiliário e revestimento em MDF com proteção antimicrobiana. Foto: Divulgação/Guararapes
A casa nos protege, é abrigo. Mas isto não significa que ela esteja imune à servir de meio para a proliferação ou de veículo de contágio por micro-organismos capazes de afetar a saúde de seus habitantes. A pandemia da Covid-19, que tem o toque como aliado na transmissão do novo coronavírus, chamou a atenção não só para o cuidado e a higiene das superfícies, mas também para a eficiência delas em auxiliar no combate ao contágio.
E se engana quem pensa que esta é uma característica em desenvolvimento, algo para o futuro. É óbvio que diversas marcas e designers voltaram seus olhares para novas pesquisas e materiais neste sentido, com foco especial no combate aos vírus, mas não é de hoje que o mercado oferece opções capazes de contribuir para a saúde dentro de casa.

"Todos os nossos produtos decorativos contam com proteção antimicrobiana desde 2017, pois acreditávamos neste tipo de demanda. Desde o início do período de isolamento temos percebido aumento pelo interesse [nestes produtos]", conta a arquiteta Jessica Hori, analista de produto da Guararapes, que trabalha com painéis em MDF. A proteção também tem sua eficácia comprovada contra o vírus SARS-CoV-2, responsável pelo novo coronavírus, em até 30 minutos. A comprovação veio de testes feitos pela QuasarBio, no laboratório de biossegurança de nível 3 (NB3) do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) nos painéis decorativos da marca, segundo os quais o material tem capacidade de inativar 99,9% do vírus SARS-CoV-2.
A Tapetes São Carlos é outra das empresas que incorpora tecnologia de proteção antifúngica, bactericida e anti-ácaro há mais de 10 anos em algumas linhas de tapetes e carpetes. "Antes da pandemia, a proteção anti-ácaro era o principal foco [dos clientes]. Agora, eles também buscam a bactericida e antifungos", destaca Guilherme Gomes, gerente comercial da marca.
A resposta à demanda por superfícies com performance aprimorada fez também com que algumas empresas atualizassem seus processos e matérias-primas. É o caso da Mobitec, que passou a utilizar chapas com proteção bacteriana, desenvolvidas pela Duratex, em seus projetos. "Antigamente esta preocupação estava mais relacionada aos tampos de bancadas, na [substituição das pedras, mais porosas] por materiais como dekton e silestone. Hoje, ela acabou migrando para o mobiliário", reforça Eleandro Miranda, diretor comercial da marca.

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Os metais são os grandes aliados da indústria quando da busca por soluções que respondam à necessidade de controle microbiano. No exemplo dos tapetes, trata-se de um produto a base de prata que é misturado aos polímeros e corantes que formam os filamentos com os quais as peças são produzidas. Íons do mesmo metal são os responsáveis pela proteção oferecida pelas chapas de MDF.
Como é incorporada ao processo fabril, a proteção não demanda nenhum tipo de manutenção específica e perdura durante toda a vida útil da peça ou do revestimento. "Em um exemplo bem prático, ela funciona como [um sabonete bactericida], que [elimina] bactérias e germes que ficam na superfície do painel revestido", explica Jessica.
Com sua eficiência comprovada por testes laboratoriais contra fungos, ácaros e bactérias, a dúvida, agora, gira em torno da performance do tratamento que leva o metal contra os vírus, especialmente o causador da Covid-19.
"O tratamento que usamos é o mesmo que já foi testado pela Nanox [fornecedora da tecnologia] com evidências contra o coronavírus. Testes específicos com tapetes e carpetes estão em processo. Como a Covid é um tema novo, teremos respostas em breve", detalha Gomes. A Guararapes também está em fase de testes quanto à eficácia da proteção para o coronavírus, a Sars e outros vírus, sobre os quais aguarda os resultados, segundo Jessica.
Proteção do piso ao teto
Com os produtos e materiais ofertados pelo mercado, é possível transformar os cômodos em verdadeiras "bolhas antimicrobianas". Isso porque as chapas que oferecem proteção contra a proliferação dos germes e bactérias podem ser utilizadas da confecção de móveis soltos e marcenaria sob medida ao revestimento de tetos e paredes.

Já para os pisos, além dos tapetes e carpetes que oferecem a proteção, os materiais vinílicos são uma opção. Além da limpeza facilitada (podem ser lavados com água e sabão), eles têm na ausência de rejunte (caso das mantas) e nas juntas secas (nas versões coladas ou "clicadas") seus diferenciais quando comparados a outros tipos de revestimentos, como os cerâmicos. "São pisos com baixa porosidade, pois contam com uma proteção de poliuretano na superfície. Então, há pouco espaço no qual possa haver a proliferação de micro-organismos decorrente do acúmulo de sujeira. E eles também podem ser utilizados para revestir parede, tetos ou painéis", acrescenta a arquiteta Bianca Tognollo, gerente de marketing da Tarkett para a América Latina.
Vale lembrar que, mesmo eficientes no combate aos micro-organismos, nenhum deles dispensa os cuidados relacionados à limpeza doméstica, seja por meio da aspiração dos tapetes ou da realizada com água e sabão. "Independente do tipo de revestimento do piso, a dica é que [as pessoas] exagerem no uso de capachos nas portas de entrada e de tapetes na cozinha e nos banheiros para que toda a sujidade e umidade fiquem retidas neles, que são de fácil manutenção. Isto garantirá um ambiente interno ainda mais limpo", completa Gomes.