Decoração

Mestres da madeira

Eloá Cruz, especial para a Gazeta do Povo
27/03/2014 03:22
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Do hobby à profissão
Foi por hobby que o italiano Fabio Fortuna, de 49 anos, começou a mexer com madeira. O apreço pela matéria-prima e a possibilidade de construir móveis com as próprias mãos fez com que Fortuna se apaixonasse pela marcenaria. Nascido em Turin, região de Piemonte, o artesão trabalhou muitos anos em uma empresa de serviços gerais, mas a hora que resolveu sair, mudou não só de trabalho, como de país. “Foi em Londres que aprendi melhor a técnica [da marcenaria] e conheci minha esposa Luciana”, diz ele, que é casado há nove anos com a brasileira de Minas Gerais.
Eles tentaram a vida na Espanha e depois vieram para o Brasil, onde passaram pelo Rio de Janeiro e Blumenau, até se estabelecerem em Curitiba – afinal a família havia crescido: eram eles dois mais Lorena, 7 anos, e Letizia, 8. “Foi aqui que comecei a trabalhar mais. Recebo várias encomendas de móveis planejados, mas gosto muito mais de criar”, esclarece. Seus bancos, portas, janelas, mesas, armários e estantes ganharam o mercado local e se diferenciam do que há por aí pela precisão na construção e pelo uso de madeira de demolição.
Em busca de novidades
Criada em 1982, depois que o patriarca Guarino resolveu deixar de trabalhar na lavoura, a marcenaria Kako’s da família de Amarildo Muraro, 50 anos, mantém a clientela se aperfeiçoando no que há de mais novo no mercado na área de materiais e ferramentas ligados à madeira. “À medida que o tempo foi passando, fomos nos adaptando às modernidades, mas a característica do nosso trabalho continua sendo bem artesanal”, explica o empresário.
Especializados em pequenos móveis e objetos em MDF, os Muraro produzem em torno de 20 mil peças por mês. Amarildo participa ativamente da produção das peças. E nesses quase 30 anos de marcenaria, muita coisa mudou. “Antes trabalhávamos com madeira maciça, fazíamos muito porta-fósforo, coisas que hoje não se encontram em lugar nenhum”, conta.
Profissão da família
Foi observando o manuseio da madeira pelo pai João que Altamir Stamoga, 63 anos, aprendeu a fazer jogos de quartos, cozinha, banheiro, estantes e móveis de varanda. Ainda moço, começou na marcenaria para ajudar a família. Mas sempre gostou do que fez. Hoje, com 40 e poucos anos de profissão, ele sabe que o ponto de partida é conhecer bem a madeira para não perder material. “Tem de prestar muita atenção na hora de tirar as medidas na casa do cliente. Se errar, perco muita madeira e o prejuízo é certo”, explica o profissional.
Pai de três filhos, o marceneiro tentou repassar a profissão da família para Clairton, 34, Robson Cristiano, 38, e Juanísio, 29. “Infelizmente ninguém quis trabalhar com móveis. Eles até sabem fazer algumas coisas, mas não quiseram tocar a profissão para frente”, lamenta. Atualmente, seu Altamir trabalha sozinho.
E o serviço é pesado: cerca de dez dias para montar e instalar um jogo de quarto simples em um cômodo de aproximadamente seis metros quadrados.

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