Decoração

Memórias afetivas

Luís Lima, especial para Gazeta do Povo
01/12/2011 02:22
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Morador do mesmo imóvel há 74 anos, o curitibano Raul Reinhardt Venhaz conta que é possível relembrar a história de seus antepassados apenas percorrendo os ambientes da residência. “Sem os objetos que herdei, minha casa seria um vazio”, diz. “Tudo o que guardo remete a lembranças. Nasci nesse local, moro sozinho e, para mim, é muito natural cultivar esta herança, pois ela é o maior relato das crônicas da minha família.” Na casa onde também viveram o avô e o pai de Raul, encontram-se dois retratos de seu tataravós, pintados a óleo, e um relógio feito de raiz de nogueira, que data do início do século 19.
Na sala da assessora jurídica Ana Carolina Labatut, de 36 anos, um piano de parede Essenfelder se destaca na decoração. Mais do que um instrumento musical que dá um toque clássico ao ambiente, a peça tem um apelo afetivo. “Ele foi uma herança da minha avó, que sempre quis que minha filha aprendesse a tocá-lo”, recorda. Ana Carolina ainda conserva uma outra joia de família, um relógio de madeira de imbuia trazido por sua tataravó alemã. “Esses objetos são conquistas dos meus familiares às custas de muito esforço, e por mais que o tempo faça com que eles percam seu valor material, persistirá o afetivo, que é inestimável”, afirma.
Na família da empresária Miriam Guzzoni, guardar objetos de antigas moradias é tradição desde a geração de seus tataravós. “Sempre fui apaixonada por antiguidades, pois elas conectam passado e futuro”, diz. Para Miriam, no passado, os objetos eram feitos para durar para o resto da vida, assim como o elo familiar que eles representam. Dona de vasos venezianos e de pequenos quadros pintados em marfim herdados de sua avó, ela faz questão de afimar o valor de sua herança. “Não me interesso pelas novidades do mercado. Prefiro os objetos antigos, porque são mais elaborados, têm mais estilo e deles eu não me desfaço”, ressalta.
No lugar certo
Compor peças antigas em ambientes atuais, muitas vezes, não é uma tarefa fácil. Assim, planejar o espaço da residência a ser ocupado por um móvel ou objeto herdado ajuda a valorizá-lo.
“Peças antigas devem ser protagonistas no ambiente, pois elas conferem memória à casa”, afirma o designer de interiores Roberto Amaral da Cunha. Mas ele orienta que a pessoa tenha o cuidado de não exagerar na quantidade de elemento em um mesmo espaço, pois antiguidades podem carregar o cenário da casa. “Por se tratarem de peças muito ricas em formas e detalhes, essas heranças familiares devem servir para dar movimento e uma nova dinâmica à casa, e não sobrecarregá-la de informação visual”, afirma.
Serviço:
• Clínica dos Móveis, Rua Ejuí, 164, Xaxim, fone (41) 3278-2554. Restauração de porcelanas (Enacir Davet), Rua Embaixador Assis Chateaubriand, 73, Seminário, fone (41) 3274-1898. Roberto Amaral da Cunha, designer de interiores, Rua Bento Viana, 404, Água Verde, fones (41) 3532-2363 e (41) 8802-2363.
• Carolina Rousseau, arquiteta, Rua Francisco Rocha, 495, Batel, fone (41) 3076-4224.