Os objetos de arte, móveis e o próprio revestimento de tacos de madeira do apartamento remetem a épocas diferentes do século passado, mas que têm o moderno como característica. Ícones do design do século 20 e que nunca saem de moda dividem espaço com peças originais e que fazem parte da história dos moradores. “A radiola dos anos 1960, em uma das paredes da entrada do apartamento, era do meu pai”, conta André.
Além da mesa Saarinen, do designer Eero Saarinen, criada em 1956, o móbile de Alexander Calder (objeto de arte de 1938), as formas geométricas (estampadas em alguns detalhes como o tapete) e a luminária Arco, criada em 1962 pelos irmãoes Pier Giacomo e Achille Castiglioni, preenchem o ambiente mais como uma instalação do que em uma composição em que tudo combina.
Apesar de o apartamento de André ser repleto de peças famosas, ele explica que para se criar uma atmosfera moderna em casa não é preciso recorrer apenas aos ícones. Uma boa pesquisada em uma loja de móveis usados pode trazer peças anônimas e que refletem as premissas mais puras do moderno.
Para ele e Giovana, ser moderno é ter distinção e singularidade – qualidade destacada no corredor do apartamento do casal em que os tradicionais santinhos são distribuídos de uma maneira bem peculiar, fixados próximos ao teto de um roxo inusitado ou depositados dentro de prateleiras em forma de caixas brancas nas paredes.
Uma das premissas do movimento modernista é também a integração do interior da construção com o seu exterior, com o abuso de vãos livres e grandes janelas, em que as próprias estruturas do imóvel, como as vigas e pilares, fazem parte da decoração.
Na sala de jantar de uma casa do Alphavile de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, a arquiteta Elaine Zanon tirou partido dessas características.
O ambiente tem um pé-direito duplo e uma abertura (janelas) enorme que une visualmente a sala a área externa. “O próprio uso de materiais estruturais e tecnológicos, como o vidro e o policarbonato injetado, nos móveis remete ao moderno”, aponta Elaine.
As cadeiras de plástico transparentes têm o nome de Ghost Chair e são assinadas pelo designer Philippe Starck, para a fábrica italiana rainha do plástico Kartell. Os tons de cinza, preto e branco da residência se devem ao gosto monocromático, masculino, do morador da casa.
Na linha do moderno, mas com um material que lembra um visual high-tech. Assim é a churrasqueira criada pela arquiteta Eliane Canhoto para uma casa em um condomínio do bairro São Lourenço, em Curitiba. “Apesar do uso de materiais contemporâneos, como as pastilhas, a churrasqueira se enquadra como moderna por ter linhas ortogonais e formas puras”, avalia a arquiteta.