Veja 5 tendências que dominam a Semana de Design de Milão
Uma das exposições em Milão 2017 decreta o fim do capitalismo vislumbrando o futuro do design em produtos de pequenos e médios fabricantes. Fotos: Divulgação
Milão está pronta. Faltam somente algumas horas para a estreia deste ano. A partir desta terça-feira (4) a cidade inteira sedia oficialmente a maior e mais importante semana de design do mundo. Já são 56 anos de tradição. As portas das galerias, lojas e pavilhões ainda estão fechadas, mas algumas marcas já revelaram o que trarão para o evento.
Em comum, algumas tendências que aparecem como a espinha dorsal da Semana de Design de Milão: soluções cada vez mais tecnológicas, referências constantes à natureza e um convite para parar, refletir e decidir que tipo de vida e de mundo as pessoas querem para si. Que se traduzem na criação de novos processos de fabricação, o resgate de técnicas artesanais antigas, o uso de materiais reciclados e conceitos de produtos para a vida contemporânea nas cidades.
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Com essas pistas de antemão, fica fácil de apontar para qual direção caminhará a design week.
A política tá na pauta
Que tipo de mundo você quer? Em que tipo de cidade ou apartamento quer morar? Em tempos de Brexit, Trump e Putin, o mundo do design não ignora essas questões, que são ainda mais pertinentes. As respostas virão nos conceitos de cada produto ou espaço. O Ateliê Biagetti, escritório de design baseado em Milão mesmo, fará uma instalação questionando alguns elementos da sociedade atual que governam completamente nossas vidas. Outra exposição, assinada por Raumplan e Cascina Cuccagna, é descrita como uma festa de despedida do capitalismo. No site, eles explicam: o futuro do design não está mais nas mãos dos produtos em série e das marcas gigantes, mas com os pequenos e médios fabricantes.
Tecnológico, mas sem aparentar ser
Como não poderia ser diferente, ninguém quer abrir mão da tecnologia em nossas vidas. Mas o que os designers finalmente entenderam é que, ao mesmo tempo, as pessoas não querem estar cercadas pela estética tecnológica. Quanto mais ‘invisíveis’ forem as soluções tecnológicas, melhor. O melhor exemplo vem da Samsung e do designer suíço Yves Béhar, que anunciam um novo tipo de tevê que promete desaparecer na decoração. É a The Frame. E os dinamarqueses da Band & Olufsen já avisaram que vão mostrar uma nova tecnologia de áudio com uma aparência revolucionária que passa longe do que se espera de qualquer aparelho de som.
Sustentável, por favor
Não é novidade para ninguém que designers e grandes marcas têm trabalhado com afinco a favor da sustentabilidade. Mas a discussão foi mais a fundo: como defender um mundo sustentável quando a indústria do setor só quer saber de criar cada vez mais objetos? Aí entra a reciclagem de materiais. Principalmente do plástico. Diversas marcas trazem peças com esse conceito, como a Kvadrat, que criou uma série de bancos a partir de tecidos descartados pela indústria da moda. Outro ponto positivo: os materiais naturais ganham força para a confecção de diversos produtos, como é o caso do bambu e da madeira.
Vida longa e mais compacta
A realidade das cidades é de espaços cada vez menores. Por isso a urgência de pensar o design e a decoração de maneira mais compacta, modular e multifuncional. O principal exemplo são as peças modulares e democráticas criadas pelo renomado Tom Dixon para a Ikea. Cassina e outras gigantes vêm na mesma toada.
Redescobrimento de técnicas artesanais
Os últimos grandes eventos de design e decoração do ano, como Maison&Objet e Feira de Colônia, decretaram o revival das técnicas artesanais. E Milão vai chancelar a prática. A indústria acordou para a riqueza daquelas técnicas artesanais superespecíficas para as quais ninguém mais dava bola. São diversas coleções de cerâmica, porcelana, trançados e caligrafia, aprendidas em diversas partes do mundo.