Decoração

Escritora faz anúncios poéticos para vender seus objetos de casa antes da mudança

Aléxia Saraiva
20/07/2018 21:30
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Cada um dos móveis ganha vida através dos textos de Adriana Sydor. Foto: divulgação

“É impossível para mim pensar em vender uma cadeira. Eu não vendo uma cadeira, eu vendo uma cadeira em que fulano veio, sentou, almoçou comigo e contou suas histórias”. Seria errado dizer que Adriana Sydor está fazendo um bazar, um bota fora, uma liquidação. Todas essas expressões não fazem jus à personalidade dos itens de casa que está vendendo — ou melhor, repassando a pessoas próximas por um valor que vai ajudá-la na mudança de apartamento.
Há um mês, a escritora começou a publicar em seu perfil do Facebook itens de decoração seus que estão à venda. Mas foi a veia poética dos anúncios que passou a chamar a atenção: os móveis ganham vida nos textos, como se fosse um amigo que morou na mesma casa e que agora se despede. Por isso, a narração conta histórias de momentos que passaram juntos, quase como um retrato de família.
“Todos os móveis da minha casa têm personalidade. Todos fazem parte de uma história, foram comprados, escolhidos, vividos”, ela conta. A própria escolha de publicar tudo na rede social, em vez de promover um evento ou escolher algum site especializado, foi pensada. Dessa maneira, os itens só seriam vendidos a amigos ou conhecidos. “Como tudo isso faz parte da minha história, eu não queria que [a decoração] simplesmente fosse para um lugar desconhecido. Eu queria que a história dos meus móveis pudessem continuar de forma que eu pudesse acompanhar“.
E, quando fala que seus móveis foram escolhidos, a escritora não usa essa palavra à toa. Ela tem o hábito de visitar antiquários, nos quais há uma pesquisa sobre a peça à venda, com informações sobre quando e onde foram fabricadas e a quem pertenceram. Todos esses dados são incorporados à descrição.

O processo

Essa não foi a primeira vez que Sydor apostou nesse “método” de venda. Há alguns anos, ela vendeu seu carro com um texto em que contava como se conheceram e por onde viajaram juntos — o que deu muito certo.
Desta vez, ela reuniu os itens que não conseguiria levar na mudança para o novo apartamento, doou boa parte deles e chamou alguns amigos em casa para ver o que queriam levar. O que sobrou, passou a vender com poesia. E tudo tem seu tempo: ela só vende um item a cada vez, pois entende que cada um tem seu tempo. Por isso, não vê data limite para as vendas, mesmo com  a previsão para a mudança sendo para daqui um mês. “Eu tenho onde deixá-las, então quero tratar com o respeito que acho que merecem“.
Ela comenta ainda que os textos geraram um interesse do público ainda maior do que pela peça em si. Seus amigos, fora das publicações, a procuram perguntando se podem saber com antecedência qual o próximo item à venda, ou se podem visitá-la para ver outros móveis.
Outro fato inusitado é que alguns quiseram comprar objetos que não estavam à venda, mas que, muito pelo contrário, são itens dos quais Sydor nunca vai se desfazer. São exemplos um quadro que o filho pintou aos 10 anos de idade, um boneco fabricado pela filha, uma coleção de caixas de lugares diversos.
E, entre móveis e obras de arte, ela estima que esteja na metade do caminho: já vendeu cerca de 15 itens, com mais 15 que estão por vir.

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