Para os apaixonados pela magia do Natal, uma importante data está chegando: o primeiro domingo do Advento, também conhecido como o dia certo de montar a árvore de Natal. Ele cai neste fim de semana, no dia 27. Daqui até lá, é tempo de tirar o pinheiro da caixa, resgatar os enfeites dos armários e até sair em busca de itens para incrementar o que se tem ou renovar a decoração.

Quem for às compras vai encontrar ampla gama de adornos nos mais variados estilos. Os itens em verde, vermelho, dourado e prateado são presença certa nas prateleiras das lojas, assim como aqueles em formatos “tradicionais” para a celebração, como bolas, estrelas, pinheiros etc. Porém, tanto em cores quanto em formato, material e textura, há novidades.

Uma delas é a decoração de Natal em tons pastéis – ou candy colors, que estão em alta na moda e até no design há algumas temporadas. “São produtos que têm apelo maior para o público jovem”, explica a gerente da loja Tok&Stok Jockey Plaza, Jamile dos Santos. A tendência foi uma das apostas da marca para suas coleções de Natal de 2022.

Outra proposta que foge ao clássico, mas não é exatamente uma novidade deste Natal, são as linhas mais neutras e biofílicas, que fazem referência ao estilo escandinavo. A biofilia, aliás, que já vinha ganhando força antes de 2020, tornou-se a grande aposta do design e da arquitetura a partir da pandemia de Covid-19. Ela aparece nos enfeites produzidos a partir de materiais como madeira, tecidos e fios, em tons neutros.

“As pessoas estão usando até mais folhagens, que podem substituir o festão verde, por exemplo, para preencher a árvore”, conta o designer Diego Miranda Leite. Para criar uma decoração biofílica, porém, é possível apostar nos mais diversos elementos, inclusive alguns genuinamente naturais (porém, secos), como será possível ver a seguir.

“Mas a maior tendência para Natal é colocar sua própria identidade na árvore, contar sua história de alguma forma”, afirma a arquiteta Juliana Macedo, que, ao lado de Ana Salgado e Karine de Faria, compõe o escritório Hora Arquitetura. “Usar bolas que funcionam como porta-retrato, enfeites que remetam a uma lembrança sensorial”, sugere Ana.

Mesmo que o Natal permita excessos na decoração, como muito brilho, é preciso ter atenção a alguns pontos na hora de montá-la para deixá-la bonita e elegante. Para Miranda e seu sócio no Estúdio Pantarolli Miranda, Zeh Pantarolli, é preciso escolher um caminho entre o estilo clássico ou uma proposta mais conceitual.

“Não acho que há um meio termo. Se você opta por candy colors, por exemplo, fica mais difícil combinar com o vermelho de uma decoração clássica”, concorda a arquiteta Karolinna Venturi.

Além do estilo, a recomendação é escolher e manter-se firma a uma paleta de cores – o que vai facilitar, e muito, a escolha dos elementos e contribuir para evitar erros ou excessos.

Tem coisa mais a cara do Natal do que a combinação entre verde e vermelho? Tradicionalmente, as cores são vivas e brilhantes, mas, ao escolherem os enfeites que comporiam sua árvore de Natal, o designer Diego Miranda Leite e o arquiteto Zeh Pantarolli optaram por uma coleção que usa as cores em tons mais fechados, o que torna a decoração mais sóbria e elegante.

As bolas de Natal, assim como outros enfeites, aparecem em tons mais próximos do marsala e do marrom do que do vermelho e do dourado – e são aveludadas. Há também itens verdes, tanto floresta quanto oliva.

Chama a atenção a variedade de formatos dos objetos decorativos utilizados – bolas, estrelas, árvores, formas geométricas – e também de materiais e texturas. “Os enfeites mudaram bastante ao longo do tempo. Hoje, vemos muitos em papel”, diz Pantarolli. “E outros materiais, como MDF, metal, vidro, etc.”, completa Miranda.

Para iluminar a árvore, um fio dourado no lugar das tradicionais luzinhas. “As pessoas costumam até pedir tomadas para pinheirinho nos projetos que fazemos, geralmente na parte da frente da casa, próximo a uma janela, mas elementos como esse fio dourado são uma saída quando não há acesso à energia por perto”, indica o designer.

“Se pudéssemos resumir o Natal em poucas palavras, elas seriam: afeto, história e tradição. Por isso, acabamos voltando para as nossas memórias pessoais na hora de compor a árvore: a família reunida, os cheiros, a ceia – e nos demos conta que o Natal é muito sensorial”, conta a arquiteta Juliana Macedo, do Hora Arquitetura.

Assim, elas criaram uma decoração que foge um pouco do clássico e busca despertar os sentidos. Os enfeites feitos com rodelas de laranja desidratadas e canela em pau aguçam o olfato. Os passarinhos e casinhas decorativos, assim como a lã e as pinhas usadas para enfeitar as caixas de presente dispostas embaixo do pinheirinho, ativam o tato – e a vontade de tocar tanto a árvore quanto os presentes.

Apesar de não seguir uma linha tradicional de Natal, a decoração faz uso do clássico fio de luzes e conta com pelo menos uma cor da paleta da época: o dourado. “Mas ele é mais fechado, para ser mais caloroso”, diz Juliana. Além disso, usa elementos biofílicos, como as folhagens, madeira, fitas em tecido natural – uma tendência para o design e a arquitetura que se fortaleceu ao longo da pandemia.

A árvore montada na casa da família de Camila Urio, cliente da arquiteta Karolinna Venturi, segue o estilo mais clássico do Natal. Ela conta com bolas vermelhas, brancas e prata harmonizando com o verde do próprio pinheirinho e com outros enfeites em branco e prata – tudo muito vivo e cheio de brilho.

Alguns itens, feitos em material mais suave, reproduzem símbolos da festa, como Papai Noel, boneco de neve e anjo, e são únicos. Para Karolinna, são eles que agregam personalidade à árvore. “O que acho muito legal é cada um ter um enfeite que comprou em algum lugar específico e que remetem à identidade e a lembranças. É algo bem americano, mas é afetivo e tem tudo a ver com o espírito do Natal”, diz a arquiteta.