Decoração

Decoradora de luxo estraga decoração histórica da sede do governo de SP

Luan Galani
27/03/2019 02:15
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Foto: Reprodução/Twitter

O governador de São Paulo João Doria (PSDB) mandou reformar recentemente várias alas do Palácio dos Bandeirantes, sede oficial do governo do estado, e a intervenção da decoradora de luxo Joia Bergamo está dando o que falar nas redes sociais. O que mais atraiu a fúria de diversos arquitetos e designers foi o fato de uma mesa histórica de madeira maciça de um dos salões oficiais ter sido completamente pintada de preto, o que descaracteriza a peça, anula sua história e interfere na linguagem original dos espaços, pensados pelo arquiteto italiano Marcello Piacentinni.
Procurada pela reportagem de HAUS na noite desta terça-feira (26) em seu número de telefone pessoal para explicar o conceito em que ela pensou para fazer tal mudança, a decoradora não nega a intervenção, mas se restringiu a dizer que toda questão sobre a decoração do palácio deve ser enviada para a assessoria do governador.
Como revelam várias fotos dos novos ambientes, o que antes era marcado pela presença de muita madeira, agora são espaços pintados de preto e cinza, com menos móveis antigos. Em resposta à reportagem de Veja, a assessoria de Doria informa que trata as mudanças apenas como “manutenção de rotina, para conservação do patrimônio público” e que há 10 anos que a sede do governo não passava por reformas. A quantia gasta não foi informada para nenhum meio de comunicação até a noite desta terça-feira.
A reportagem mostrou as imagens do caso para o designer e empresário curitibano Rodolpho Gutierrez, um dos sócios da Boulle Móveis, empresa nacionalmente conhecida pela lida com a madeira e que já representou o Brasil em diversos eventos prestigiados, como a Semana de Design de Milão, na Itália, e o World Design Summit, no Canadá. Na opinião de Gutierrez, que acabou de voltar da Savannah College of Art and Design (Scad), universidade localizada em Atlanta, no estado da Georgia, nos Estados Unidos, todo material de design precisa ser respeitado, bem como suas características naturais e sua história.
E com a madeira não é diferente. “Mas ela deve ter tido uma boa razão para pintar a mesa de preto. Talvez até para economizar, em virtude da realidade das contas públicas, isso também é sustentabilidade. Mas só será possível entender o conceito dela depois de falar com a decoradora”, sugere. Ele explica que seria possível recuperar a mesa. “É um processo delicado e demorado de restauração para que ela retorne ao seu estado original.”

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