A infância de quem tem irmãos é marcada pela divisão: dos brinquedos, do cuidados dos pais e, em muitos casos, do quarto. Em casas e apartamentos com espaços cada vez mais limitados, essa é a saída que muitas famílias encontram para acomodar os pequenos. Além de economizar espaço, compartilhar o cômodo pode ser uma experiência importante para a vida das crianças, pois essa forma de convivência pode reforçar os laços fraternos e, de quebra, ensiná-las a respeitar o espaço uma da outra.

Mesmo em quartos pequenos é possível criar um ambiente agradável, que transmita a personalidade de cada criança. Para a arquiteta Mariana Paula Souza, o essencial é desenvolver um projeto o mais funcional possível, sempre pensando na segurança e conforto.

Criar um ambiente que possibilite ajustes conforme o crescimento das crianças é outra dica da arquiteta, que trouxe esta proposta no projeto que assinou para o quarto de um bebê e de um menino de cinco anos. “Do lado do quarto destinado ao menino, havia uma cabeceira com livros. Do outro, voltado ao bebê, primeiro tinha um berço, que depois substituímos por uma cama bem baixa, montessoriana”, conta Mariana.

O quarto também foi pensado para conciliar os espaços de descanso e diversão. Uma escada lateral leva para o mezanino, onde foi feita uma sala de brinquedos, com jogos e videogames, favorecendo a integração dos dois irmãos. Tudo é protegido por telas e guarda-corpos.

Outra solução para agradar as crianças é investir em um ambiente lúdico, com referências aos personagens e super-heróis preferidos delas. No quarto projetado pelo Estúdio Campetti, a ideia foi a de trabalhar com os personagens de HQ Calvin e Haroldo, cujas tirinhas revestem a parede das cabeceiras.

Mesmo quando o número de cômodos do imóvel permite que cada criança tenha seu dormitório, a divisão do quarto pode deixar espaço para a criação do outros ambientes. Foi o que aconteceu no projeto desenvolvido pela Olesko e Lorusso Arquitetura e Interiores. A arquiteta conta que a cliente optou por deixar seus dois filhos no mesmo quarto e fazer do outro cômodo um espaço multiuso de brinquedoteca e sala de estudos. A mãe fez essa opção para incentivar que os irmãos aprendam a dividir espaços e para estarem juntos em todos os momentos.

Às vezes, o desejo de compartilhar o cômodo pode partir das próprias crianças. A suíte assinada pelos arquitetos Sérgio Valliatti Jr. e Luciana Patrão, por exemplo, foi planejada para duas irmãs que preferiram dividir o cômodo ao invés de terem seus próprios quartos. Um boiserie de madeira contorna todo o ambiente e o lustre de “gaiola” se destaca, assim como a combinação de cores e de tecidos importados.

A simetria é outro detalhe importante para se manter a harmonia de um cômodo compartilhado. E ela pode estar presente de diferentes formas. No quarto assinado por Patricia Martinez Arquitetura para duas imãs gêmeas, cada uma tem seu cantinho de estudo definido e escolhe sua própria decoração – os brinquedos favoritos.

Pensar nos detalhes do projeto de acordo com as preferências das crianças, para que o resultado final não as frustre, é outra dica da designer de interiores Joia Bergamo.  “Temos que sempre colocar algo que agrade às crianças, pois, afinal, o quarto é delas. Assim, nada melhor do que ter detalhes que elas escolham”, destaca.

O conceito do projeto que assina para o quarto de duas irmãs traz esta característica, além de unir o moderno e o lúdico. O dormitório ainda pode ser adaptado de acordo com o crescimento das crianças.

*Especial para a Gazeta do Povo