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Casa alegre, ousada e personalizada: confira as tendências que irão reinar nos lares em 2023

Sharon Abdalla
Sharon Abdalla
13/02/2023 12:45
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Muito verde em projeto do arquiteto Pietro Terlizzi, com luminária da Yamamura.

O senso comum diz que, no Brasil, o ano só começa depois do carnaval. E se você está esperando a folia acabar para dar início à reforma ou dar cara nova a um cantinho da casa, vale dar uma conferida nas tendências que irão guiar o design de interiores em 2023 e além.
Assim como ocorre em todos os setores produtivos, elas não são isoladas em si mesmas, pelo contrário. Resultam de uma série de movimentos, comportamentos e possibilidades – produtivas e de disponibilidade de matérias-primas, inclusive –, que se apresentam de forma inédita ou que se consolidam com vistas a espaços mais confortáveis e esteticamente agradáveis.
E é isso o que se observa quando se analisam as tendências para a casa em 2023. Em sua grande maioria, não se trata de temas realmente novos, mas sim da recorrência de movimentos e ações que vem se firmando e sendo ressignificadas ao longo dos últimos anos.
Assim, não se espante ao ouvir falar novamente sobre flexibilização do uso dos imóveis e ambientes, sobre biofilia ou sobre o famoso ‘faça você mesmo’. Sim, estes e outros temas já conhecidos aparecem listados entre as trends para o ano e dividem espaço com outros que passarão a fazer parte das nossas rotinas, como aponta o relatório da WGSN, empresa líder em tendências de comportamento e consumo.

Dentro e fora

Limites entre espaços internos e externos estão cada vez mais difusos, o que potencializa o uso dos imóveis.
Limites entre espaços internos e externos estão cada vez mais difusos, o que potencializa o uso dos imóveis.
Há tempos os limites entre áreas internas e externas vêm sendo colocados à prova. Afinal, para que limitar o uso de determinado ambiente se tanto as atividades cotidianas como a decoração podem transitar muito bem entre estes dois espaços e potencializar o uso dessas áreas? Os tapetes, por exemplo, já saíram pela porta e passaram a integrar os ambientes externos conferindo aconchego e contribuindo para setorizar atividades e delimitar áreas de descanso, de refeições ao ar livre ou de piscina, por exemplo. Da mesma forma, a atenção aos materiais permite que os mesmos móveis transitem entre interior e exterior sem que tenham sua ergonomia ou durabilidade comprometidas.
Não podemos esquecer das varandas integradas aos espaços internos dos apartamentos para ampliar imóveis pequenos ou para receber salas de jantar e estar mais abertas ao exterior. “[São o que chamamos de] espaços revigorantes: lugares que fazem bem para a alma e borram os limites entre ambientes internos e externos. Eles terão maior importância em 2023, servindo como um antídoto para tempos turbulentos”, explica Raquel Dommarco, especialista em tendências na WGSN.

Exuberância natural

Materiais naturais como a madeira e estampas da natureza estão em alta. Na foto, projeto da arquiteta Luciana Ballio com luminária de piso da Yamamura.
Materiais naturais como a madeira e estampas da natureza estão em alta. Na foto, projeto da arquiteta Luciana Ballio com luminária de piso da Yamamura.
Segundo a especialista, a exuberância estará presente em boa parte dos lares e será representada do maximalismo ao minimalismo. As formas orgânicas que regem o design de mobiliário nos últimos anos ganham toques de robustez, com silhuetas cada vez mais exageradas, impactantes e alegres. As referências aos elementos naturais, como cavernas, lava vulcânica ou as ondas do mar, também aparecem na forma ou nos acabamentos das peças de mobiliário e decoração.
Aliadas a elas estão as cores, que evocam os tons ultravibrantes, como o magenta – o Viva Magenta foi eleito a cor do ano pela Pantone – e o vermelho vivo, que compõem uma estética ousada e alegre para os ambientes.
Os tons terrosos, mais voltados aos neutros, não perdem a majestade e sua capacidade de proporcionar sensações de calor e aconchego em quem desfruta dos espaços. Neste ano, eles ganham a companhia das tonalidades de rosa queimado como nova aposta.
“Tons de bordô arroxeados também começam a ganhar espaço, trazendo um ar intenso e sofisticado para a tapeçaria, louças e linhas de cama, mesa e banho. Já os azuis oceânicos trazem serenidade e elegância aos ambientes”, acrescenta Raquel, que completa a lista com verdes intensos, os quais, fazendo referência à vegetação, estão em linha com o foco dado pelos consumidores à natureza e ao design biofílico.

Onipresente

“Invasão” verde contribui para a melhora do bem-estar físico e mental.
“Invasão” verde contribui para a melhora do bem-estar físico e mental.
O verde, inclusive, extrapola as paredes ou acabamentos e segue invadindo a casa por meio de sua referência mais óbvia: as plantas. Em um movimento de “renaturalização do lar”, como aponta Raquel, os moradores continuam a adotar estilos de vida mais focados na natureza e, por isso, a priorizar a inserção de plantas nos ambientes. “Isso contribui para melhorar o bem-estar mental e físico”, lembra a especialista da WGSN.
A opção por materiais biofílicos, como bambu e madeira, por exemplo, também tende a crescer neste e no próximo ano como forma de criar e consumir de maneira circular e regenerativa, e não apenas extrativa, nas mais diversas escalas.

Do seu jeito

Conceito do ‘Faça você mesmo’ evolui para dar mais liberdade e individualidade aos projetos.
Conceito do ‘Faça você mesmo’ evolui para dar mais liberdade e individualidade aos projetos.
Atire a primeira pedra quem nunca se aventurou, ou pelo menos considerou fazê-lo, na arte do ‘Faça você mesmo’ – o famoso Do it Yourself (DIY), no original do inglês. Agora, entre as tendências do ano, ele evolui apresentando maior grau de personalização ao que é feito no movimento batizado ‘Do it your way’ (‘Faça do seu jeito’, na tradução do inglês).
Com maior foco na expressão individual, ele transita das peças artesanais e customizáveis aos designs mais ousados, propondo uma decoração mais livre e a superação da conformidade em relação ao que é considerado “normal”, como destaca Raquel. “É um movimento que oferece liberdade, autocuidado e também diversão. Estamos acompanhando essa proposta em projetos criativos de reciclagem e upcycling, bem como no uso de padronagens e cores inesperadas, que refletem os interesses pessoais de cada indivíduos” completa.