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Decoração
Herchcovitch, Gloria Coelho e mais: confira o que rolou no Breton Brasil Tropical Talks
O primeiro talk do evento reuniu nove arquitetos e designers que assinam peças para a Breton. A mediação ficou com a jornalista Thais Lauthon | Divulgação
No último domingo (3), o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, recebeu o "Breton Brasil Tropical Talks", convenção anual que integra a programação de lançamento da nova coleção da Breton, marca de móveis de luxo que chegou a Curitiba em janeiro deste ano.
Exclusivo para colaboradores e convidados, entre eles HAUS, os talks contaram com nomes como Alexandre Herchcovitch, Gloria Coelho, Reinaldo Lourenço e Diogo Giácomo, que apresentaram suas contribuições à coleção Breton Brasil Tropical 2022. Com foco em reforçar o compromisso da marca com o design nacional, as novas peças trazem referências brasileiríssimas do século 19 aos anos 1970, além de terem como mote a ideia de memória afetiva — sejam as memórias coletivas, traduzidas em elementos como tramas de palha e cordas náuticas, sejam as memórias particulares de cada profissional que assina os novos mobiliários.
Design com história e afeto
No primeiro talk do dia, nove arquitetos e designers envolvidos nos lançamentos — Bruno Niz, Bruno Simões, Diogo Giácomo, Estevão Toledo, Fabiana Queiroga, Karol Suguikawa, Linda Martins, Murilo Weitz e Victor Vasconcellos — foram convidados a falar sobre sua relação pessoal com a criação das peças.
O destaque ficou com Karol Suguikawa, designer que assina a mesa de centro Cunha, feita em marcenaria rústica e descrita enquanto arquitetônica. Escultural, feita para ser vista de frente, a peça remete à uma fachada. "Ela foi feita para uma coleção que falava sobre família. Então, ela é o meu estereótipo de família: super potente, robusta. Ela se suporta, ela está em par", comenta a arquiteta e designer.
Na fala dos convidados, o tema mais proeminente foi a reinterpretação de influências afetivas a partir de uma visão atual, que vai além de uma questão estética. Para Diogo Giácomo, que assina uma série de peças com pegada retrô para a nova coleção, como mesa de cabeceira, cama e escrivaninha, essa reinterpretação, que muitas vezes têm influências estrangeiras, demanda uma readaptação ao espaço nacional. "Olhar para o passado, buscar essas referências afetivas e então resgatar, transformar e criar móveis que tenham a ver com o lugar que a gente está. Criar textura, leveza. O tropical".
Já para Bruno Niz, essa reinterpretação se dá a partir de um conceito técnico de minimalismo que se reflete na sua produção Dobras, uma poltrona feita em chapas de metal tão finas quanto possível. "Quando eu falo sobre minimalismo, ele está relacionado à longevidade da peça, redução de uso de materiais e facilidade de customização", comenta o designer.
Vestir a casa
Com mediação da apresentadora Gabriela Prioli, mestre de cerimônia do evento, o talk "Estilistas" reuniu Alexandre e Fábio Souza Herchcovitch, Gloria Coelho, Lilly Sarti e Reinaldo Lourenço, que também produziram peças para a Breton. Os profissionais destacaram a importância de vestir a casa em um período pandêmico, quando o espaço se tornou cenário prioritário de uma série de atividades cotidianas, como o trabalho.
Foi a hiperconectividade do home office que inspirou Gloria Coelho a produzir o Sofá Meeting Pitágoras e a mesa de jantar Abas. A primeira peça é um sofá com encosto alto, que transmite a sensação de isolamento para quem está fazendo uma chamada de vídeo, por exemplo. Já a segunda peça é uma mesa com base inspirada nas abas de um navegador de internet. "Eu gosto de street, de Luís XIV, mas no móvel, eu sou sueca. Utilitarismo, função. O que aquela família precisa para ter o resultado de conforto em casa?", comenta a designer.
A questão da necessidade de peças atemporais, que possam fugir de modismos e trazer conforto de forma perene e responsável com o meio ambiente, também foi destacado por todos os participantes. "Temos um trabalho muito grande de ressignificação de peças que já existem no mundo. Fazer móveis do zero, obedecendo alguns conceitos que a À La Garçonne tem, como usar tecidos trançados com fios reciclados. Então, isso deixará nossa coleção com a Breton com uma ou outra característica nossa", afirma Alexandre Herchcovitch, dando um spoiler sobre sua contribuição para a Breton, cujas peças ainda não foram lançadas.
Estas premissas, muito relacionadas a questões ecológicas, têm norteado a produção da Breton nos últimos anos. São exemplos as novas almofadas da Breton Casa, criada em parceria com o OIAMO Design. As capas das almofadas são feitas com redes de pesca descartadas, em um processo de tear e bordado manual. A marca também desenvolveu painéis e pingentes de parede para a Breton, que trazem franjas em volume feitas em sisal de forma manual, com técnicas de macramê e tapeçaria.
Breton emCuritiba
Atualmente a Breton conta com 14 lojas espalhadas pelo Brasil — uma delas em Curitiba. Localizada na Al. Carlos de Carvalho em formato pop-up, a loja é um preview do que a marca tem preparado para a capital paranaense. Ainda em 2022, a previsão é inaugurar um espaço com mais de 1.500 m², com projeto assinado pelo escritório Jayme Bernardo Arquitetura.
Além do showroom, a nova sede da Breton também contará com espaço gastronômico, em uma proposta exclusiva de loja-experiência focado na exigência do mercado curitibano.
*A repórter viajou a convite da Breton.