Cuidados domésticos
Decoração
Arquitetura e decoração contribuem para evitar problemas respiratórios típicos no inverno

Ambientes ventilados são aliados para se prevenir problemas respiratórios. Foto: Maura Mello/Divulgação/Dantas & Passos Arquitetura
Tempo frio, ar seco, estiagem. O combo, comum nos meses mais frios do ano e inimigo de quem sofre com alergias e problemas respiratórios, em 2020 ganhou um reforço: o isolamento social, que fez do confinamento doméstico um novo gatilho para as crises.
Do que muita gente se esquece, no entanto, é que a arquitetura e a atenção dada ao estilo de decoração que se imprime aos ambientes podem contribuir, e muito, para tornar as crises menos frequentes ou intensas. Confira algumas dicas e aproveite o tempo em casa para fazer delas aliadas à saúde respiratória.
Deixe o ar entrar
Abra as janelas e deixe o ar circular. Se for construir, comprar ou alugar um imóvel, priorize os que contam com janelas amplas, certifique-se que todos os ambientes ventilem por igual e dê atenção especial à ventilação cruzada. "Também é importante que a casa tenha boa incidência de sol, uma vez que o calor proveniente dela evita o cheiro de bolor e a proliferação de fungos, que são péssimos para os alérgicos", acrescenta a arquiteta Paula Passos, do escritório Dantas & Passos Arquitetura.
Evite usar o ar-condicionado, pois ele contribui para tornar o ar ainda mais seco. Se isso não for possível, mantenha os filtros e dutos sempre limpos para que não acumulem poeira e contribuam para piorar os quadros alérgicos. "Os aquecedores elétricos também tornam o ar mais seco. Ao utilizá-los, o morador pode colocar uma bacia com água no ambiente [para equilibrar a umidade do ar]", explica a arquiteta. Ela lembra, ainda, que uso de umidificadores de ar é outra opção para tornar o ar dos ambientes menos secos. "Eles devem ser usados com bom senso, porque o ar muito seco é prejudicial, mas muita umidade pode criar bolor, que também é", alerta.
Atenção aos revestimentos
Que os carpetes devem passar longe da casa dos alérgicos não é segredo. Mas a arquiteta Carina Dal Fabbro acrescenta que, mais do que isso, a opção pelos revestimentos deve priorizar os materiais de fácil limpeza, como pisos cerâmicos, laminados ou vinílicos (com base de PVC), que não favorecem o acúmulo de pó e também são de fácil limpeza. "O piso de madeira não chega a ser contra-indicado, mas a limpeza dele deverá ser feita com mais frequência", lembra.

A mesma orientação vale para o revestimento de paredes, para as quais deve-se evitar a escolha por materiais com muitas texturas ou com efeito ripado, por exemplo. "Ou seja, revestimentos e acabamentos mais lisos, sem cantinhos ou ranhuras, que não acumulam pó e são mais fáceis de limpar", destaca Paula.
Superfícies
Nem o mobiliário fica de fora quando o assunto é minimizar os problemas respiratórios. Aqui, além de superfícies mais lisas, que facilitem a limpeza, a orientação vai no sentido de se evitar nichos, prateleiras abertas e detalhes na marcenaria ou entalhados na madeira.
Cabeceiras estofadas, sofás, poltronas e cadeiras revestidos com veludo, linho ou outros tecidos naturais também não são recomendados, pois tendem a acumular mais pó e são mais difíceis de limpar.

Decoração
A mesma regra dos tecidos naturais pode ser aplicada para a escolha de cortinas, almofadas e tapetes. Para eles, a recomendação das arquitetas é a substituição por peças com fibras sintéticas, como o poliéster, que têm limpeza facilitada e podem ser lavadas em casa.
Em relação aos tapetes, além da redução do número de peças dispostas pelo cômodos, outra dica é a opção por linhas destinadas a áreas externas, justamente pela facilidade e maior resistência à manutenção frequente.
"A casa do alérgico não pode ser uma casa de colecionador. Nela, menos é mais. Porque, se toda casa pede limpeza de poeira frequente, a casa do alérgico pede essa remoção diária. Então, quando você tem uma decoração mais clean, com menos objetos, ela ajuda a ter menos superfícies para esse acumulo de pó, o que facilita a limpeza", resume a arquiteta Paula.
Isso não significa, no entanto, que você não possa ter em casa os itens de que gosta, como reforça Carina. O cuidado, aqui, é para que eles sejam guardados de forma a não contribuir para as crises alérgicas ou respiratórias. "No caso das estantes, o melhor é que elas sejam fechadas ao invés de tudo ficar exposto em prateleiras abertas. Uma cristaleira [também funciona]", sugere a arquiteta como opção para quem deseja guardar itens colecionáveis ou lembranças de viagens, por exemplo.