O jogo de cores vibrantes e a mistura do antigo com o novo deram novo fôlego a um apartamento antigo na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. As escolhas foram do arquiteto francês Jean de Just, que conduziu reforma na residência de 326 m² para uma família com um casal e dois filhos (um adolescente e outro mais jovem).

O edifício com vista privilegiada da cidade data de 1930 e foi construído com diversos elementos neogóticos. Durante a obra o arquiteto aproveitou diversas características históricas do imóvel, como os vitrais nos banheiros e mármores italianos antigos nos pisos que estavam escondidos, casando tudo com uma decoração contemporânea com personalidade.

A vontade dos proprietários era de um apartamento familiar e aconchegante, onde pudessem receber pessoas, organizar jantares sociais e recepcionar amigos. De Just integrou algumas áreas e combinou as cores das paredes com a cor original do piso, mas, sobretudo, conferiu um olhar livre de regras que tornou o espaço um deslumbre ao bem-estar.

A sala de estar é um espaço para receber. Mas que também pode ser usado no dia a dia em família. Roxo e amarelo se sobressaem na base neutra. Destaque para a natureza não estática dos móveis, que permite diferentes alterações nas recepções, e para a pouca quantidade de mobiliário, dotando o living de grande fluidez. As janelas de madeira foram reformadas e substituíram as antigas esquadrias de alumínio, que não combinavam com a linguagem do edifício. O chão é de madeira maciça. Todas as obras de arte são de artistas brasileiros, com exceção do biombo chinês original, que foi remontado e restaurado.

Seguindo a vontade dos moradores de usar cores fortes para diferenciar os espaços, o jantar vermelho valorizou o mármore italiano raro de mesma cor que estava escondido no espaço sob três camadas de pisos diferentes. O mobiliário moderno e contemporâneo exploram o preto e tons amadeirados. O serviço de jantar combina com o tom avermelhado e explora também o branco.

A cozinha, que tem o mesmo piso avermelhado, segue a linguagem da sala de jantar celebrando o vermelho. Existem alguns elementos pontuais em vermelho com a base em branco. A estrutura original das janelas da cozinha foram mantidas.

A suíte mistura diversos elementos clássicos originais em branco e cinza com uma decoração contemporânea e lúdica, que explora também o vermelho. O banheiro privativo é em pastilhas azuis e cinzas, primando pela simplicidade.

O quarto amarelo nasceu dos tons amarelados do piso de madeira. Diferente dos outros espaços, o cômodo tem uma essência mais moderna e clean.

A outra suíte celebra o verde como protagonista, com todos os outros elementos em branco, cinza, preto ou rosa. Destaque para as obras e o criado-mudo escultural.

O banheiro mais disputado da casa aproveitou todos os vitrais e revestimentos de época, criando uma atmosfera completamente especial e convidativa.

O arquiteto francês Jean de Just fundou seu estúdio de design de interiores no Rio de Janeiro em 2014, mas também mantém equipes em Paris e São Paulo. Sua linguagem consiste em misturar a cultura europeia com influências e paixões brasileiras, criando um estilo único com bastante personalidade. Gosta de misturas ousadas e do jogo de cores nos projetos. Formou-se em arquitetura pela Ecole Speciale d’Architecture, em Paris, e já trabalhou com profissionais de renome, como Jacques Garcia, Juan Pablo Molyneux, Alberto Pinto e Alain Charles Perrot, arquiteto chefe responsável pela restauração de monumentos históricos da capital francesa.