Decoração

A paixão de colecionadores por objetos antigos

Bruna Bill
03/11/2011 02:24
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No apartamento do arquiteto Lauro Andrade, logo na entrada embarca-se em uma viagem pela história da arte e do design, em uma diálogo entre o antigo e o moderno. Uma poltrona La Chaise divide espaço com peças de bronze e poltronas antigas. Um pouco adiante, uma parede repleta de quadros de artistas como Alfredo Andersen, Rogério Dias e Theodoro de Bona.
Na sala de jantar, a mesa de madeira comprada em um antiquário fica ao lado da enorme vitrine feita especialmente para abrigar a coleção de xícaras isabelinas, também conhecidas como caipiras. Andrade conta que começou a colecionar as peças com a esposa, há mais de 30 anos. Hoje o acervo conta com mais de 1,3 mil exemplares de porcelana, ricos em detalhes.
Separada por cores (como o rosa, laranja, azul e verde), a coleção encanta pela variedade de modelos e tamanhos. “Tenho algumas que foram feitas especialmente para crianças, outras são edições comemorativas e também temáticas”. Mas os atuais xodós do arquiteto, e motivo de dedicação e garimpo nos últimos anos, são as chamadas bigodeiras, xícaras e canecas dos séculos 19 e 20 com um “apoio” para os homens não molharem o bigode.
Pelas paredes
Apaixonado por pintura brasileira, o empresário Marcelo Macedo Dias conta que começam a faltar paredes para seu acervo, formado por 50 peças entre pinturas à óleo e gravuras. “Gosto de ter a coleção pela valorização e preservação da cultura. É um investimento que vou deixar para meu filho”, afirma, apostando no valor educativo das obras.
Entre os artistas brasileiros que compõem o acervo, destacam-se Érico da Silva, Fernando Calderari, Rogério Dias, Aldemir Martins e Josué Demarche. O empresário lembra que quando as obras foram adquiridas as telas estavam em bom estado, mas várias molduras tiveram que passar por restauração ou mesmo troca. “Algumas pessoas acham que o certo seria deixar os originais, mas estavam com cupins, então optei pela troca. Assim eles irão durar mais”, justifica.
Muranos e bronzes
Muitos colecionadores preferem manter seus acervos devidamente acondicionados em móveis, ou mesmo em salas especiais. Mas há também quem opte por manter as peças misturadas à decoração. É o caso do médico Eliseu Portugal, que não abre mão de ter seus castiçais de prata, vasos de Murano e bronzes espalhados pela casa. “Várias plantas e arranjos estão nos vasos, por exemplo”, conta.
A coleção de vidros Murano (técnica artesanal de produção originada na Itália) começou com um cinzeiro há cerca de 20 anos. De lá pra cá, em todas as suas viagens, nacionais e internacionais, Portugal garimpa alguma peça para preencher o móvel especialmente pensado para os vasos. A estante chama atenção pela variedade de cores e riqueza das formas, um lugar de destaque na sala que ainda conta com coleções de bronze e prata.
Uma dica do médico para quem tem vontade de iniciar uma coleção é treinar o olhar para reconhecer o valor dos objetos e não abrir mão das falhas e pequenos defeitos. “Algumas vezes as pessoas se desinteressam por uma peça por ela conter algum defeito, mas é importante saber que esses detalhes fazem parte do charme e da história por trás de cada objeto.”