Decoração

À la Philippe Starck

Flávia Schiochet, especial para a Gazeta do Povo
04/10/2012 03:50
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O estúdio de design de interiores yoo, do famoso arquiteto e designer francês Philippe Starck, abre suas portas no Brasil em dezembro.
Com isso, a sede da yoo na América Latina, que antes ficava em Buenos Aires, muda-se para São Paulo – e com ela, a perspectiva da atuação da grife no país. À frente da yoo no continente latino-americano está a argentina Carina Bendeck, administradora experiente no mercado imobiliário.
Mestre em Administração pela Universidade de Miami e poliglota – ela fala português, inglês, francês, holandês e italiano –, a escolha de Carina para o cargo é mais do que compreensível. “Eu já estava trabalhando como diretora para uma incorporadora que fez os projetos da yoo em Punta Del Este (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina), então para mim foi muito natural passar a dirigir os negócios regionais da yoo na América Latina”, disse Carina.
Ela está confiante de que o mercado brasileiro tem espaço para imóveis assinados por designers e projetos de alto padrão. “Criamos o conceito, que não inclui somente o design ou o mobiliário. Gostamos de criar sensações, estilos e formas de vida. Isso atinge desde coisas básicas, como os acabamentos até a música que se escuta nos corredores”, explica. Por e-mail, Carina falou a Viver Bem Casa & Decoração sobre as perspectivas para o mercado imobiliário e a atuação da yoo no país.
Por que a mudança de sede da yoo da Argentina para o Brasil?
O motivo principal é o tamanho do país e o crescimento do mercado brasileiro, que neste momento é o nosso maior foco dentro dos países BRIC. O Brasil virou o motor de negócios na região, e São Paulo a capital não oficial da América Latina para negócios.
Com a abertura do escritório em São Paulo, o que podemos esperar de mudanças no mercado imobiliário brasileiro?
O nosso objetivo é concretizar alguns poucos projetos inovadores e de alto perfil e introduzir o nosso conceito de estilo de vida ao consumidor brasileiro.
A yoo trabalha com projetos exclusivos. Na sua visão, o exclusivo precisa ser de luxo?
Isso depende da definição de luxo. Se ao falar de luxo estamos falando de tamanho e custos elevados, definitivamente não. Os nossos projetos são únicos, com espaços comuns e mobiliário totalmente fora dos conceitos massivos de decoração que se encontram na maior parte dos prédios considerados de “alto padrão”. O nosso objetivo é que os usuários possam morar, trabalhar ou se divertir em um entorno diferente, especial e desenhado com o bem-estar do cliente em mente. Isso sim que é luxo em um mercado que tende a fazer prédios em série!
Em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, você disse que é preciso acabar com o marasmo visual que os novos prédios de alto padrão apresentam, em estilo neoclássico. Você acha que isso é um sinal do que quer o consumidor ou um vício do mercado?
Acho que é uma mistura de várias coisas, principalmente porque as incorporadoras têm podido vender muito facilmente esse tipo de prédio, então não precisaram mudar de estratégia, e o design tem ficado como algo secundário, algo que não faria diferença no negócio. Isso mudou bastante, o mercado é bem mais competitivo, e já passou a época onde se podia construir qualquer coisa, tudo igual, sem diferenciação e se vendia na hora.
As incorporadoras agora estão tendo que ser bem mais seletivas com os projetos para poder se dar bem. O consumidor de outras épocas não era muito sofisticado nem exigente, tanto em termos de design como de qualidade de construção.
Felizmente, o comprador brasileiro tem se globalizado bastante, está ciente do que acontece em outros lugares do mundo, está bem mais exigente e tem adquirido um gosto por uma estética diferente.
Você trabalhou em diversos países, inclusive com os quatro do Cone Sul. Quais são as semelhanças e as diferenças do mercado imobiliário do Brasil e de seus vizinhos?
Acho que a maior semelhança é que em todos os países a principal escolha de veículos de investimento continua sendo o mercado imobiliário, dada a maior segurança e tangibilidade do investimento para a maior parte da população. As diferenças são várias, começando pela facilidade do acesso ao crédito que o Brasil está gozando neste momento. Isso movimenta muito mais o mercado, coisa que não acontece na Argentina, por exemplo.
Outra coisa que acho é que no Brasil o consumidor não tem problemas em mostrar que é bem sucedido e que gosta de viver bem, curtir a vida. Por exemplo, países como Chile ou Uruguai são bem conservadores, o que limita bastante a possibilidade de inovação no mercado. Ainda assim, um de nossos melhores projetos é o yoo Punta del Este (Uruguai).
A yoo está expandindo pela América Latina e reúne designers renomados como Philippe Starck, Marcel Wanders, Jade Jagger e Kelly Hoppen, todos europeus. Há interesse em estender esta expansão para a parte criativa e convidar designers latinos?