- Anuário Haus 2023

A reforma como solução para o dia a dia

Anuário HAUS 2023
20/11/2023 21:36
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Quando arquitetos dão início a um projeto, a primeira preocupação costuma ser sempre a mesma: como colocar a personalidade do cliente no ambiente que será construído ou reformado? Essa é uma tarefa complexa, que envolve conhecer pessoas além da superfície e decifrar suas expectativas e sonhos. Se isso já parece difícil de fazer trabalhando com uma família, imagine com 30. Esse foi um dos desafios que Fernanda Gonçalves e Vitor Maldonado, sócios do Studio Cinco Arquitetura e Design, assumiram nos últimos anos. Inicialmente projetando ou reformando apartamentos ou ambientes menores, a dupla passou recentemente a trabalhar com reformas e modernizações de edifícios, um crescimento considerável — em todos os sentidos.
“Percebemos que havia uma demanda cada vez maior no mercado. Ao mesmo tempo em que o espaço para construir novos prédios diminui, há diversos prédios mais antigos em Curitiba que muitas vezes precisam de reformas simples para resolver problemas do dia a dia das pessoas”, explica Fernanda. Há dois anos, eles mergulharam neste mundo e já contam com cinco projetos do tipo, cada um com suas particularidades.

Transparência em primeiro lugar

Além do espaço e do orçamento, os dois jovens arquitetos passaram a lidar com outro elemento que subitamente aumentou: o tempo. “Estes projetos naturalmente demandam um processo mais lento, já que, além de serem maiores, exigem que mais pessoas se envolvam, normalmente os conselheiros. Nesse momento, o síndico é nosso melhor amigo, ajudando no que é possível para facilitar as coisas”, conta Vitor.
Para que tudo saia dentro do esperado, eles criaram um protocolo próprio, o que muitas vezes os ajuda a “segurar a barra” e evitar desgastes. “É tudo feito na base da transparência. Com o tempo, aprendemos a impor limites. Percebemos também que era necessário entender se os conselheiros representam de fato os moradores e as necessidades do condomínio”.
A experiência também mostrou que buscar a personalidade própria de um condomínio cheio de pessoas diferentes é quase montar um quebra-cabeças. “É preciso interpretar o condomínio em si. Em um dos prédios, por exemplo, pensamos em sugerir espaços com lareiras, mas havia muitas famílias com crianças, então consideramos outras soluções. Em outro condomínio, essa opção foi aceita. Além disso, de certa forma precisamos atender à demanda presente pensando nas demandas futuras, sempre nos atentando para não colocarmos no projeto ideias que estão na moda, mas que logo estarão defasadas”.

Caixinha de surpresas

Mesmo com todas as precauções e protocolos, a reforma traz alguns desafios inesperados. É uma “caixinha de surpresas”, como define Vitor. “Quando você trabalha com reformas em prédios mais antigos, é preciso levar em consideração algumas coisas. Muitos desses prédios foram construídos há 35, 40 anos, quando havia outras legislações. Aspectos como acessibilidade, por exemplo, passam a ser importantes em qualquer projeto atual. É preciso também saber se a estrutura vai resistir às mudanças. Normalmente, o maior problema tem a ver com a água: infiltrações, vazamentos, etc. A água encontra seu caminho, como dizem. Isso tudo deve ser solucionado antes de qualquer coisa”, aponta.
Com tudo isso em mente, o trabalho dos arquitetos passa a ser uma ferramenta para resolver problemas rotineiros. “Buscamos sempre meios de solucionar os incômodos e em boa parte das vezes ideias simples podem dar esse resultado. Em um dos condomínios, um dos problemas era o espaço onde ficavam os porteiros. Com a mudança para uma portaria remota, o espaço ficou inutilizado. Sugerimos que ele fosse transformado em um depósito para as entregas e isso ajudou a resolver outro problema que o condomínio tinha. Reformas mínimas muitas vezes podem acabar solucionando os problemas do dia a dia”, define Fernanda.
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