Arte e antiguidade acessíveis? Paris mostra que sim
Cenografia da Bienal dos Antiquários, em Paris. Fotos: Divulgação
Biennale des antiquaires
Porque arquitetura de interiores também é arte e antiguidades. E este é um mundo para poucos verdadeiros ($) colecionadores de arte e antiguidades. Um mundo refinado e raro. Um mundo onde a arte está no design e na concepção artística da peça e também na manufatura dela.
Culturas orientais e ocidentais, de todas as idades, de bustos da Roma Antiga ou Incas e Maias, às raridades e delicadezas da laca japonesa, mobiliário modernista francês e dinamarquês de época entre Picassos e Chagais, como se fossem “conversas” normais de uma sala de estar. Tapeçarias, objetos, máscaras e joias.
A Bienal dos Antiquários (Biennale des Antiquaires) acontece a cada dois anos no grande espaço de vidro do Grand Palais, em Paris. Este ano ocorreu entre 10 e 18 de setembro. A cenografia fez-se em “silêncio”. Bravo! Por Nathalie Crinière, persona do mundo da arquitetura de interiores.
Quero dizer com este termo “silêncio”, que os espaços de cada galeria eram sóbrios e valorizavam as obras de arte. Respeito e eficiência. Era um grande espaço em silêncio, acredito que todos os visitantes (experts ou amadores) andavam levitando, em êxtase.
As edições anteriores, feéricas e exuberantes, onde a cenografia (e o ego do cenógrafo) apareciam mais do que tudo… (um erro!) foram feitas por Pier Luigi Pizzi, François-Joseph Graf, Karl Lagerfeld ou Jacques Grange (para quem tiver curiosidade de pesquisar).
O espaço mais interessante é assinado por Mathieu Lehanneur (jovem e reconhecido designer francês) para a Galerie Chenel, de arte antiga romana. São peças arqueológicas de 2 mil anos de idade… As paredes do espaço concebidas em placas de alumínio, ora escovadas, ora brilhantes : são símbolo de contemporaneidade. Nela encontram-se nichos arredondados, os quais para mim são uma referência à um dos Monumentos de Mussolini em Roma, a “Grande Casa da Civilização Italina (ou do Trabalho”), hoje sede da Fendi.
O edifício, independente de ser um símbolo fascista, é uma arquitetura histórica (maravilhosa), em mármore travertino. Ao centro do espaço, totens em mármore travertino romano (de uma poesia ímpar, sóbrios e maravilhosos pela beleza do próprio material que colocava em evidência a peça apresentada). Bravo!!!
Mostro algumas fotos de peças ímpares e da cenografia de Mathieu (que já encontrei diversas vezes, gente como a gente!):