A inspiradora revolução urbana de Hamburgo e como ela pode nos inspirar

Daniela Busarello
23/08/2017 19:00
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Fotos: Arquivo pessoal

Se você imagina uma cidade alemã sisuda, escura e fechada para seu interior… qual a surpresa de Hamburgo! A segunda maior cidade da Alemanha é de vanguarda por sua música, arquitetura (histórica e contemporânea) e qualidade de vida.
Vive-se intensamente o espaço urbano, tanto o construído como o natural: o verde e o Rio Elba. Tem mais pontes do que Veneza e Amsterdã juntas. E o intenso perfume do mar, mesmo que ele esteja a 100 quilômetros de distância.
O Centro Histórico, além da tradição, abriga dois lagos — um pequeno e um grande. Lugares de contemplação, esporte (veleiros, esqui aquático, stand-up paddle e caiaques), diversão e convivialidade. E não exagero em afirmar que o verde predomina nas áreas de habitação. É como se as casas, bairros inteiros, estivessem dentro de parques, que se espalham pela cidade. Sem falar nos jardins botânicos (sim, no plural), sempre museus dentro de parques. Agradável de viver, de passear, de observar.
Na “praia” do Rio Elba estão as casas tradicionais, separadas da água apenas por uma rua estreita ou pelo parque. Essas “novas cidades” (as construções, os paisagismos e equipamentos urbanos contemporâneos) têm arquiteturas generosas em termos de estética, tecnologia de construção e conforto do habitar. Sempre com grandes terraços abertos e jardins suspensos para aproveitar cada raro raio de sol. Fora as praças, recantos e grandes calçadas arborizadas.
A cidade continua a utilizar os tradicionais tijolos vermelhos, valorizando sua história, em harmonia com os grandes painéis de vidro e estruturas metálicas.

Economia pulsante

Ao longo do porto, observam-se diversos canteiros de obra em atividade simultânea. A área central terá um aumento de 40% assim que esses novos espaços estiverem construídos. Sim, a cidade não está de costas para sua indústria econômica. Ao contrário: é cada vez mais aberta para ela e seu espetáculo em movimento dos volumes gigantescos que vão e vem nas águas (com uma maré que varia em 3,8 metros).
E também na terra: o empilhamento de contêineres coloridos, navios e práticos. O contato visual com estes navios contêineres -cargueiros é surpreendente. Estão presentes no cotidiano, ao correr no parque junto à “praia”, ao visitar um museu, ao caminhar/dirigir pela cidade. De perto ou ao longe, o ecossistema econômico do rio é presente e surpreendente.
A grande novidade de 2017 é a abertura da Elbphilharmonie, projeto dos arquitetos Herzog & de Meuron, uma grande praça suspensa com uma vista de 360 graus para a cidade e o Elba. Com um conceito muito inteligente, pois não abriga “somente” salas de espetáculo de música, mas ainda um hotel, restaurante e edifício de apartamentos de luxo (entre 125 e 400 m²).
As áreas públicas em Hamburgo são visitáveis, uma cidade onde o viver e o respeito ao cidadão é levado a sério. Visitantes e moradores curiosos se apropriam do lugar. Têm orgulho de estar, de dizer que é seu, que a cidade está conectada com seu tempo, e em desenvolvimento com o presente e o futuro. Elementos que trazem a felicidade cotidiana.
Nosso trabalho, de projetar arquitetura (e urbanismo e design), independente da escala, é de trazer felicidade para a humanidade.

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