Arquitetura
Você vai ao Cemitério Municipal neste feriado? Conheça 8 túmulos surpreendentes

Foto: Gazeta do Povo | Gazeta do Povo
O Cemitério São Francisco de Paula, mais conhecido como Cemitério Municipal, é o mais antigo da cidade. Inaugurado em 1854, tem mais de 5.700 túmulos e guarda verdadeiras joias da arquitetura. Se você for ao cemitério neste feriado de 2 de novembro, dia de finados, siga nosso roteiro com alguns dos túmulos mais interessantes em termos arquitetônicos.
Um deles é o túmulo do empresário Roberto Glasser, falecido em 1958. É considerado uma réplica do túmulo projetado pelo escultor italiano Giulio Monteverdi que está localizado no Cemitério de Gênova, na Itália. No mausoléu – edificação que lembra uma pequena capela, que normalmente traz um sobrenome na fachada e que, internamente, tem altar e imagens sacras – é possível perceber várias referências egípcias e gregas, e a estrutura é uma das réplicas presentes no cemitério.

Assim como na cidade dos vivos, na cidade dos mortos o modernismo também aparece na arquitetura. Datado da década de 1970, o mausoléu da família Pedroso – o famoso “Rei dos Tapetes” – tem influências claras dessa escola, com linhas limpas, concreto aparente e o uso de metal. Os corpos são sepultados embaixo da terra, sob um tampo metálico. A área é acessada por uma escada, instalada dentro de uma estrutura curva em concreto.

O Cemitério Municipal também guarda a primeira obra com características paranistas do escultor João Turin, ícone do movimento das décadas de 1920 e 1930 que ansiava por criar uma identidade regional. Turin assina o túmulo do enfermeiro e farmacêutico André de Barros, morto em 1923. Neste jazigo monumento, destacam-se o busto de André de Barros e as imagens em baixo-relevo de uma mulher cercada por duas crianças – que remete à caridade – e de erva-mate. Todo o trabalho foi encomendado pela Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, já que Barros havia sido provedor da instituição e deixou parte de seus bens para ela ao falecer.

Um dos exemplares de maior destaque do Art-Déco é o túmulo do político Affonso Camargo, que morreu em 1959. A verticalização e o escalonamento, características do estilo, estão presentes na estrutura, que também é um mausoléu.

Uma das estruturas mais impressionantes do Cemitério Municipal é o jazigo monumento com referências ecléticas feito para o empresário José Hauer, que morreu em 1941. A edificação é um portal, que permite a passagem de um lado a outro, simbolizando a travessia entre a vida e a morte.
Muretas delimitam o conjunto e em todo o perímetro apresentam arcos preenchidos com grades de ferro. Nessas grades são representadas três virtudes: a fé, por meio de uma chama; a caridade, por meio de um coração; e a esperança, por meio de uma âncora. Nos portões de acesso, além dessas três representações, também são encontradas a palma, que faz referência ao martírio, e a flor-de-lis, que remete a Santíssima Trindade.

Telhas que se encaixam, em formato capa e canal, o uso de azulejos portugueses para adornar a fachada e suas linhas elaboradas denotam o estilo neocolonial do túmulo de estilo neocolonial da família Bergonse, um dos únicos do Cemitério Municipal adornados com vitrais.

O único mausoléu do Cemitério Municipal inteiramente feito em cantaria de lioz, rocha típica de Portugal, é o túmulo da família da advogada Rosy Macedo, que morreu em 2002. As referências neogóticas aparecem nos arcos ogivais e nos ornamentos nos pilares. Pelo fato de o lioz ser muito raro em Curitiba, este é provavelmente o único exemplar de uma estrutura feita com a pedra.

Mais paranismo no cemitério: o espaço da família Stenghel é outro com características do movimento. O mausoléu tem fachada com araucárias talhadas emoldurando a porta e as janelas.
