Arquitetura

Vilarejo medieval é recuperado para abrigar hotel na Toscana

Fernanda Massarotto*
11/01/2020 10:57
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Foto; Divulgação

A grife Ferragamo é sinônimo de elegância no mundo da moda há mais de 80 anos. Nos últimos 20, porém, o sobrenome passou também a ser referência no setor hoteleiro a partir das mesmas características: discrição, refinamento e estilo acolhedor. Il Borro – que em toscano quer dizer a vala – é hoje uma estrutura turística de luxo, ligada à cadeia de hotéis Relais & Châteaux, com casarões e casas coloniais no vale de Valdarno, a poucos quilômetros de Florença, na Itália.
A propriedade, na década de 1980, foi um refúgio frequentado por Ferruccio Ferragamo, primogênito do fundador Salvatore, que a comprou em 1993. Abandonado por mais de meio século, o burgo medieval foi completamente reestruturado. Os 770 hectares que pertenciam à dinastia Médici e à realeza italiana, os Savoia, passou por uma transformação única e se tornou um santuário da hospitalidade toscana.
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A filosofia do novo proprietário foi a de restituir ao território a tradição e a história arquitetônicas, além de torná-lo produtivo. Desde a abertura do Il Borro, o filho de Ferruccio, Salvatore como o avô, está à frente da gestão do complexo e também é o responsável pelo cultivo dos cerca de 90 hectares da propriedade. “Temos 12 etiquetas de vinho. Dez delas são 100% biológicas”, conta o herdeiro, que comercializa cerca de 220 mil garrafas ao ano para os mercados norte-americano, europeu e asiático.
O antigo burgo é o coração do Borro com a sua pequena igreja, lojinhas e casebres que abrigam 38 suítes de luxo. Um restauro primoroso teve por objetivo preservar as antigas tradições rurais sem deixar de incorporar as novas tecnologias. As ruelas medievais, por exemplo, foram pavimentadas com pedras originais e a fiação elétrica passa toda por baixo da terra. Há também o casarão Villa Il Borro, uma construção do século 17, com piscina e spa, e duas exclusivas residências: a Chiocci Alto, com características de uma casa de fazenda, e a Villa Casetta, com vista para os vinhedos de Merlot.
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“E agora abrimos ao público mais uma parte da propriedade que fica a 400 metros de distância do burgo. São mais quatro edifícios completamente reformados nos quais os hóspedes terão acesso direto a um campo de golfe, quadras de tênis, piscina, uma pequena vila hípica e um bistrô, o VinCafé”, anuncia Salvatore Ferragamo, que contou com a colaboração da designer de interiores Teresa Bürgisser Sancristoforo para o projeto.
As novas 18 suítes (Le Aie del Borro) estão alocadas em típicas moradias rurais de pedras e tijolos construídas durante o Grão Ducado da Toscana (de 1569 até 1861, ano da unificação da Itália) e exprimem o conceito de elegância e hospedagem Ferragamo. A casa principal, conhecida como Leopoldina, em homenagem ao Gran Duque Pietro Leopoldo, teve sua arquitetura completamente recuperada, incluindo as paredes de 50 cm de espessura que serviam – e ainda servem – de barreira isolante durante o verão e inverno. O mesmo procedimento foi aplicado às três demais casas rurais: Il Forte, La Posta e La Fonte.
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Rústicas por fora, contemporâneas por dentro

As suítes, amplas e luminosas, variam de 25 a 75 m². Os acabamentos e matérias-primas, típicos da região, como lajotas, traves aparentes e mármore travertino, dão vida a ambientes refinados e acolhedores. “Alguns dos móveis são modernos, outros comprados em antiquários e muitos feitos por artesãos locais. As paredes brancas ressaltam ainda mais esse estilo bucólico das colinas da Toscana”, destaca o empresário italiano. “A partir de agora, nossa oferta quase duplica. Serão 56 quartos com capacidade para atender 146 hóspedes”, acrescenta.
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O empreendedorismo dos Ferragamo promete. Ferruccio e o filho Salvatore acabam de comprar Vitereta, uma “fazenda” histórica de 346 hectares no vale de Valdarno, vizinha ao Borro. “Iremos usufruir dos vinhedos que já produzem safras biológicas como as nossas. O próximo passo será converter os edifícios, como o casarão Villa Clerici Bernetti, construído na metade do século 19, e a Tabaccaia, depósito onde era realizada a produção de tabaco, em suítes. Mas, isso é para o futuro”, projeta.
*Especial para Haus, de Milão. 

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