Arquitetura

Uma arquiteta na vitrine

Daliane Nogueira
07/04/2011 03:18
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“A vida e a casa devem ter mais diversão, precisam ser mais lúdicas, menos caretas" | Foto Alexandre Campbell

Ela “decora”, como profissão, e canta, como hobby. O jeito autêntico da arquiteta carioca Bel Lobo agora está no horário nobre, todas as quintas, às 20h45, no GNT. Ela é a nova apresentadora do Decora, programa que segue uma fórmula internacional dando dicas de como transformar a casa sem gastar muito.
Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bel trabalha em parceria com o marido, o arquiteto Bob Néri. A dedicação inicial da dupla foi voltada para projetos comerciais. Rede de lojas como Shop 126, H.Stern, Farm e Richards são alguns dos trabalhos assinados por eles. A eficiência e criatividade apresentadas nas lojas fez com que Bel investisse na arquitetura de interiores, a pedido dos próprios clientes. Essa experiência é agora exposta ao público na tevê, um novo desafio na carreira da arquiteta que ela contou para a reportagem do Viver Bem Casa e Decoração.
Seus primeiros e principais trabalhos estão focados na arquitetura comercial, trabalhando com grandes redes de lojas, restaurantes e outros espaços. Foi uma escolha trabalhar com esse tipo de projeto?
Para terminar de custear a montagem do meu primeiro escritório eu trabalhei como vendedora na Richards.
Mas eu gostava mesmo era de compor os móveis e a iluminação da loja. Assim, fui chamada para ser a arquiteta fixa da loja e lá se vão 24 anos de parceria.
O que essa experiência na área comercial ensina para um arquiteto?
É a tradução da marca para a decoração. O mais interessante é que você não pode repetir fórmulas e assim aprende a se reinventar. Outro ponto é o detalhamento do projeto, que é bem maior, pois a cor da parede, a escolha da iluminação, tudo influencia na apresentação dos produtos.
Como foi a ampliação do trabalho para a área residencial e de interiores?
Foi bem natural. Os próprios clientes da área comercial pediram para eu fazer os projetos das residências.
O trabalho em lojas também é uma vitrine. Os clientes e fãs das lojas se identificam com a decoração e acabam nos contratando também.
Como captar o que o cliente quer em casa e, digamos, suprimir seu gosto pessoal?
Eu aprendi a trabalhar com pessoas criativas, estilistas e outros profissionais. Muitas vezes não concordo ou não gosto de algumas definições que eles solicitam. Mas não tenho essa coisa de ego, acho que o arquiteto é um realizador de desejos. Tenho um estilo, mas procuro dar a cara do dono aos projetos.
Você também projeta móveis em alguns trabalhos. Qual a inspiração para esses trabalhos? Você tem alguma escola de design favorita?
Gosto de tudo o que é simples. Linhas retas, aparência limpa. Os móveis precisam ser funcionais, mas podem ser bem simples.
O programa Decora trabalha com os desejos de pessoas em suas casas. Como tem sido o desafio dos primeiros programas?
Tudo o que acontece na casa do personagem tem de ser feito em um dia. E quando fui chamada eu disse que precisava de mais tempo de entrevista para conhecer melhor as pessoas, o que é essencial na decoração. Adotei um método de fazer os personagens falarem do que gostam, mostrarem fotos, roupas e outros objetos durante a primeira conversa. Eu gravo tudo e assisto em casa para desenvolver algo com a cara deles.
O mais empolgante é sentir a satisfação dessas pessoas.
Qual a sua expectativa com mais essa possibilidade de mostrar o trabalho na tevê, para um público amplo?
Para mim o grande barato é a diversão, estou oxigenando meu trabalho e me divertindo muito. A ideia é propor espaços bem diferentes, quase cenários. Minha vontade é que os espectadores percebam que a vida e a casa devem ter mais diversão, precisam ser mais lúdicas, menos caretas e que é possível fazer pequenas transformações por conta própria.
Em sua opinião, em quais itens não se deve economizar na hora de decorar, sob pena de comprometer o bem-estar dos moradores?
Para mim, nem tudo precisa ser novo. Em minha casa há muita antiguidade, coisas que acho em brechós. Porém, tenho um “sofá nuvem”. Todo mundo tem de ter um “sofá nuvem”, para descansar no fim do dia. A ideia é ter produtos resistentes e bonitos.