Arquitetura
Construção de grande castelo medieval se destaca em área rural do interior do PR
Foto: Ivan Yoshio Hayashi/ Divulgação
O culto ao belo e a busca pela perfeição estão entre as filosofias que balizam as atividades religiosas dos Arautos do Evangelho, associação privada ligada à Igreja Católica responsável pela construção de uma obra que vem chamando a atenção de quem passa pela região de Ribeirão Morangueiro, na cidade paranaense de Maringá.
A atração que exerce junto ao público é justificada: a edificação se destaca em meio ao verde da zona rural por sua imponência e lembra um castelo medieval – com a diferença que é uma obra totalmente nova, com previsão de conclusão para o final de 2019.
Com projeto assinado pelo arquiteto e urbanista paulistano Daniel Aguiar e Souza, o mosteiro compreende uma área total de 3.433 m², que vai incluir uma capela principal, onde serão realizadas missas diárias, e compreende também auditório, biblioteca particular, refeitório e alojamento para cerca de 20 religiosos que serão residentes e farão o atendimento ao público.
O local terá espaço ainda para “confissões, além dos cursos de formação catequética, palestras e estudos de Mariologia e da Teologia Católica”, conforme explica o padre Mário Sérgio Sperche, superior dos Arautos do Evangelho de Maringá.
A grandiosidade do espaço, no entanto, não se justifica apenas na amplitude da gama de atividades, mas tem conexão com a própria forma de organização e filosofias da associação. O estilo escolhido para a construção foi o gótico: “pelo fato de que temos bem presente que o ser humano não é exclusivamente espiritual, mas vive em um mundo material compreendido através da sensibilidade e da percepção dos sentidos. Por isso, é fundamental que esta busca do Criador esteja presente de maneira visível na arquitetura dos edifícios e das construções. Ou seja, de maneira palpável, bela e duradoura”, explica o padre Sperche.
Estilo gótico
Por séculos considerado representativo do estilo da Igreja Católica e destinado à construção de templos e mosteiros, o visual gótico empregado na igreja apresenta, de acordo com ele, a beleza “em todo o seu conjunto, primeiramente através de sua característica tão marcante: a verticalidade das ogivas, das janelas e dos arcos, demonstrando assim, o anelo pelas coisas do alto e pela Santidade”, descreve o religioso.
Com uma vista deslumbrante, o mosteiro terá uma composição de vitrais coloridos, espaços dedicados aos moradores e ambientes de convívio como um jardim ao centro do prédio. “Em todos os seus detalhes, como nos capitéis e nas molduras que se assemelham a rendas petrificadas, a fim de conferir leveza ao ambiente, tudo deve contribuir para que o homem se eleve até as realidades celestes e contemple os esplendores do Criador”, diz o padre sobre o espaço, o qual também será sede do Projeto Futuro e Vida, que oferece atividades a estudantes aos finais de semana com aulas de música, esportes e atividades dinâmicas e interativas, de acordo com ele.
Rigor, majestade e polêmica
Inspirada na rigorosidade militar desde sua fundação, a associação dos Arautos do Evangelho tem como pilar a “escravidão voluntária” a Deus e, entre seus participantes, há regras para todas as atividades, mesmo que as mais básicas e rotineiras.
Primeira associação a ser reconhecida no início deste milênio pelo Papa João Paulo II, ela foi fundada na década de 60 em São Paulo e aceita homens e mulheres que seguem padrões de vida típicos dos monges religiosos, sem que necessariamente recebam uma ordem de sacerdócio.
A entidade foi alvo de polêmica em junho de 2017, quando um jornalista italiano, Andrea Tornielli, divulgou um vídeo no qual se via um suposto exorcismo sendo performado por integrantes dos Arautos do Evangelho sem seguir as fórmulas recomendadas pela Igreja.
O vazamento do vídeo ocorreu alguns dias depois de o fundador da associação, o Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, ter renunciado ao cargo de superior geral da mesma.
*Especial para Haus