Arquitetura
Técnica propõe construção de edifícios “vivos” usando processos naturais
Criada por Ferdinand Ludwig, a "Baubotanik" permite a criação de edificações vivas. Fotos: Ferdinand Ludwig/Archdaily/Reprodução
O que você acharia de ver uma edificação feita com plantas vivas? Não apenas um trabalho de paisagismo, mas a estrutura? É o que propõe o arquiteto alemão Ferdinand Ludwig, criador da técnica Baubotanik (“Bau” em alemão significa construção). Por meio de um processo de poda, flexão e enxertia – que liga tecidos das plantas -, a prática une árvores a andaimes de metal e outros materiais de construção, formando uma estrutura viva.
Naturalmente, a enxertia acontece quando troncos, ramos ou raízes próximos fundem-se, seja em uma mesma planta ou em plantas diferentes, da mesma espécie ou não. Com o tempo e o crescimento, essa junção faz com que um vegetal pressione o outro, como o atrito causado por duas mãos friccionadas, até o ponto em que a casca se solta e expõe a vasculatura interna. Nesse momento, os tecidos e as seivas das duas se juntam.
Na técnica criada por Ludwig, a união ocorre entre o interior do vegetal e a estrutura artificial, mostrando a capacidade das árvores de incorporar materiais e de suportar cada vez mais carga conforme envelhecem. O segredo está em projetar estruturas com base nas regras botânicas de crescimento, respeitando o fato de que as árvores são seres vivos. Ao contrário de edificações feitas em madeira morta, as feitas em Baubotanik combatem a erosão do solo, ajudam no escoamento da água e produzem oxigênio.
O arquiteto testou cerca de 10 espécies de árvores para seu doutorado no assunto, e concluiu que aquelas com casca fina e escamosa, como o plátano, o choupo-branco e a faia, respondiam melhor à prática, já que podiam ser mais facilmente enxertadas.
Na pesquisa, Ludwig também apostou bastante no salgueiro, mas encontrou alguns problemas: apesar de ter construído algumas estruturas com a espécie, ele notou que os pontos de conexão entre a planta e os elementos técnicos tendem a apodrecer. Fatores externos como fungos, granizo, geadas e qualidade da água também interferiram na estrutura, mas a equipe do arquiteto solucionou os problemas com o corte e o replantio de certas árvores sem afetar a vitalidade geral da estrutura.