Na hora de desenvolver um projeto arquitetônico, é difícil saber de antemão qual será o custo e o impacto ambiental da futura edificação – e mais ainda, recalculá-los “em tempo real”, à medida que a proposta inicial vai sendo modificada. Para facilitar esses cálculos – e as escolhas de todos os envolvidos no processo construtivo, inclusive os clientes –, a startup paulista Archflex, com apoio do Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fapesp, está desenvolvendo um software que permite acompanhar, na fase de concepção do empreendimento, avaliar o valor e a pegada de carbono da obra.

A ferramenta, cuja versão beta está em testes, é voltada para construções modulares, ou seja, aquelas feitas com estruturas previamente prontas que são montadas no local da obra. Ela é composta por uma biblioteca de componentes, como pilares e vigas, fachadas, janelas e acabamentos, entre outros, os quais serão combinados na concepção do projeto.

Em nuvem, a coleção é abastecida pelos fornecedores das peças, que informam as especificações técnicas, além de preço e volume total de gases de efeito estufa gerado em sua fabricação. É a partir dessas informações que os cálculos são feitos – e refeitos, sempre que há mudanças na proposta.

Com interface amigável e construída com técnicas de gamificação, a solução permite a renderização do projeto em tempo real, ou seja, a criação de imagens bi e tridimensionais de como a edificação deve ficar, inclusive com efeitos de luz e sombra. Permite ainda que os envolvidos no projeto, inclusive o cliente, possam acessá-lo remotamente e discuti-lo em um ambiente 3D online, verificando em tempo real o impacto que cada alteração pode ter sobre o valor e a pegada de carbono da obra.

Inicialmente, o software deve ser viabilizado por meio da cobrança pelo uso, mas existe a intenção de aproveitar a estrutura para transformá-lo em um marketplace de peças para construções modulares.

Além de permitir o acesso rápido ao custo da obra e ao impacto ambiental que ela terá, os responsáveis pelo software acreditam que ele deve contribuir para impulsionar as construções em módulo, devido à inclusão do consumidor final no processo. A expectativa foi compartilhada em uma entrevista à revista "Pesquisa Fapesp".

Para isso, porém, será necessário que as fabricantes de componentes para esse modelo construtivo estabeleçam padrões universais, que permitam que os produtos sejam utilizados em conjunto, independentemente da marca.