Arquitetura
Ruínas de Antonina serão transformadas em centro cultural após restauro; conheça o projeto
Ruínas do Armazém Macedo, em Antonina, no litoral do Paraná serão restauradas pelo Iphan e virarão centro cultural. Imagem: Iphan / Divulgação
Na baía de Antonina repousa os resquícios do Armazém Macedo, edificação que contribuiu, e muito, para o desenvolvimento econômico e social da cidade e do próprio estado. Ao contrário de outras com tal característica, que por muitas vezes são ignoradas por seus proprietários, gestores públicos e população, suas ruínas fizeram dele uma marca na paisagem do litoral paranaense e um elo entre os antoninenses e sua história, além de um importante ponto turístico local. Afinal, quem resiste a uma foto tendo as paredes em pedra e seus inconfundíveis arcos como pano de fundo.
Agora, passados mais de um século de sua construção, o Armazém Macedo irá ganhar “nova vida”. Uma ordem de serviço, assinada no último dia 13 de junho, oficializou o início dos trabalhos de restauro das ruínas e seus barracões anexos. Mais do que preservar o bem (listado no conjunto que compõe o centro histórico de Antonina, tombado pelo patrimônio federal), a obra pretende ressignificá-lo.
Quem afirma é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela execução da obra, orçada em R$ 6,4 milhões e prevista no PAC Cidades Históricas, do Governo Federal. “No Paraná, somente Antonina foi contemplada pelo programa, que prevê oito obras na cidade”, conta Anna Finger, arquiteta e Chefe da Divisão Técnica do IPHAN-PR.
A opção por fazer do restauro do Armazém Macedo a primeira delas, segundo Anna, se deve à nova dinâmica que ele trará para a cidade e à sua importância como referencial no espaço urbano local. “A edificação terá um novo uso cultural que visa celebrar a relação do povo de Antonina com o mar. O restauro significa não somente o resgate e valorização de um patrimônio cultural, mas também sua importância para o turismo uma vez que amplia os atrativos da cidade”, resume Thiago Afonso de Souza, secretário de Cultura e Turismo de Antonina.
Marco na paisagem
A bela vista que compõem com a baía de Antonina não é o único ponto que faz do Armazém Macedo uma das construções mais importantes da cidade. Erguido na segunda metade do século 19, tendo como provável construtor o industrial e exportador de erva mate José Ribeiro de Macedo, o imóvel foi um antigo armazém do produto no local onde, até a década de 1960, funcionou o porto de Antonina. Com arquitetura eclética, o imóvel tem quase dois terços de seu perímetro no limite com águas da baía e retrata bem a arquitetura de cunho industrial/comercial voltada para o embarque e desembarque de mate e depois de madeira, como descreve relatório do Iphan.
Com o restauro, o Armazém Macedo terá sua funcionalidade resgatada, mas voltada a um novo uso. O objetivo do Iphan é fazer dele um espaço cultural, ressignificando-o como local de convivência, conhecimento e lazer para os turistas e a população local. “Hoje, o principal foco de atuação do Iphan é com as comunidades. Pois, com a melhoria da qualidade de vida delas o turismo vem”, justifica Anna.
Para isso, o projeto, assinado pelo escritório curitibano ArquiBrasil Arquitetura e Restauração, que tem como responsáveis técnicos os arquitetos Jussara Valentini e Roberto Martins, a instalação de sala de exposição, biblioteca e auditório, além de área destinada à oferta de serviços, como lojas, bistrôs e cafés.
A inserção de elementos contemporâneos é outro ponto que chama atenção. Entre eles estão os deques em madeira, que deixarão à mostra os arcos que apoiavam o antigo piso original, e a inserção de um cubo de vidro dentro da estrutura das ruínas, que serão mantidas. Além de abrigar o espaço expositivo, ele servirá como área de contemplação delas e da paisagem da baía de Antonina. “O projeto inicial previa a reconstrução de uma parte do que hoje são as ruínas. Elas são muito bonitas e atraem as pessoas, então, optamos por consolidá-las e valorizá-las”, destaca Jussara.
Os barracões anexos, por sua vez, terão recompostas suas fachadas e a volumetria do telhado. Suas estruturas internas serão totalmente reconstruídas para abrigar os demais espaços previstos no projeto.
“Quando você resgata uma ruína com esta importância, [potencializa] a sensação de pertencimento e o uso que a comunidade fará do espaço”, acrescenta a arquiteta. A previsão do Iphan-PR é a de que a obra se estenda por 16 meses após iniciada – neste momento, o projeto passa por revisão e atualização orçamentária.