Arquitetura
Roteiro inédito traz detalhes de 28 edifícios projetados pelo arquiteto do Teatro Guaíra

Meister foi um grande especialista em projetar auditórios. Sua obra-prima foi o Teatro Guaíra, cuja linguagem arquitetônica e qualidade acústica é admirada até hoje. Foto: Arquivo/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo
O acervo gigantesco e intocado do engenheiro Rubens Meister (1922-2009), grande nome do modernismo paranaense e autor de projetos emblemáticos como o Teatro Guaíra, a Rodoferroviária e o Centro Politécnico, foi completamente esmiuçado pela primeira vez pelos arquitetos Paulo Chiesa, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Fábio Domingos Batista, da Grifo Arquitetura e da FAE, e pela historiadora Deborah Agulham Carvalho.
O resultado depois de três anos de pesquisa é um livro inédito sobre 28 edifícios de Meister, que será lançado oficialmente no próximo dia 28, a partir das 19h, no Auditório Léo Grossmann, da UFPR.

Batizado de “Rubens Meister: Projeto e Obra”, o livro de mais de 300 páginas foi publicado por meio do programa de mecenato municipal a Prefeitura de Curitiba, com incentivo da Caixa Econômica Federal. Ao todo os autores contabilizaram mais de 400 obras criadas pelo engenheiro, principalmente no Paraná e Santa Catarina, e mais de 13,6 mil documentos em seu acervo.
“Ele materializou a paisagem de Curitiba como a conhecemos hoje a partir de 1950, o que o torna o primeiro grande escritório de projetos da cidade. Na época, as construtoras tinham seus próprios profissionais, e ele ousou criar um escritório separado”, explica Batista.

“Meister coloca o Paraná dentro da arquitetura nacional quando desenha o Teatro Guaíra com esse comprometimento com a plástica modernista. Isso gerou polêmica, pois os teatros eram em sua maioria projetados com a linguagem mais clássica do eclético”, explica Chiesa, que já gestava o projeto do livro desde a década de 1990.
“Ele tinha uma visão de cidade sem igual. Em 1966 foi demandado pela Prefeitura de Curitiba para opinar se o poder público deveria fazer um viaduto em frente à Praça Tiradentes para desviar o tráfego do centro da cidade. Ao contrário do que se imaginava na época, ele foi contra”, conta o professor da UFPR.

Quando foi construído em 1956, o Centro Politécnico da UFPR se tornou a maior obra de uma universidade brasileira. Arquitetos visitantes até hoje deliram com os edifícios interligados que foram levantados para promover encontros entre professores e alunos.
“Hoje ele não é usado adequadamente como previsto. A ideia era, por exemplo, existir o bloco de matemática, onde estudantes de engenharia civil estudariam com alunos de outras engenharias, de física, de arquitetura, o que fomentaria um diálogo maior entre as áreas”, explica Batista, que valoriza o diálogo com a paisagem e a permeabilidade urbana sempre presente nos projetos de Meister.
Entre suas obras mais importantes, amplamente detalhadas no livro, estão o Terminal do Guadalupe, o Edifício Atalaia, o Edifício Avenida, Casa Rosenmann, entre outros.
