Roma propõe maior fazenda solar urbana do mundo para abastecer Expo 2030

O escritório de design e inovação CRA - Carlo Ratti Associati em parceria com o arquiteto Italo Rota e o urbanista Richard Burdett assinam o master plan para a candidatura de Roma para sediar a Exposição Universal em 2030. O projeto usa energia renovável como base para os espaços de uso comum, com cada país contribuindo para uma fazenda solar que alimentaria toda a Expo e ainda descarbonizaria bairros vizinhos.

A cidade de Roma apresentou sua candidatura ao Bureau International des Expositions (BIE) em 7 de setembro de 2022 sob o tema "Pessoas e Territórios, Juntos: Regeneração Urbana, Inclusão e Inovação". A sede da Expo 2030 será decidida em votação dos 170 estados-membros do Bureau, em novembro de 2023.

A proposta italiana inclui a construção do Expo Solar Park, cobrindo uma área de 150 mil m² e com capacidade de produção de 36 megawatts-pico, configurando a maior fazenda solar urbana acessível ao público do mundo.

Vista de cima, a área da Expo ganhará a aparência de um mosaico: a estrutura idealizada é composta por centenas de "árvores de energia" que abrem e fecham seus painéis ao longo do dia, colhendo energia e também fornecendo sombra aos visitantes. A complexa rede energética é complementada pelo pavilhão "Eco-system 0.0", o edifício mais alto da Expo, que proporcionará arrefecimento por evaporação.

Segundo o sócio-fundador da CRA e diretor do MIT Senseable City Lab, Carlo Ratti, o objetivo do projeto desenhado para Roma é abrir novos caminhos para Feiras Mundiais e outros eventos de grande escala. "Nosso master plan experimenta com processos coletivos de criação de cidades, novas estratégias de compartilhamento de energia e transformações urbanas inclusivas que vão muito além dos limites temporais e espaciais do evento", frisa.

Com base no master plan, a Expo 2030 Roma teria lugar em Tor Vergata, uma vasta área do município de Roma que abriga universidade homônima (um dos principais centros acadêmicos da Itália) e também um bairro residencial densamente habitado, mas que foi negligenciado e passou por uma fase de abandono nas últimas décadas.

O projeto visa reverter esse processo por meio de um desenvolvimento sustentável e de longo prazo. Após a Expo Mundial de 2030, todos os pavilhões de eventos (incluindo o renovado complexo esportivo "Vele", de Santiago Calatrava) serão utilizados para diferentes funções, dando forma a um novo distrito de inovação.

O arquiteto Italo Rota defende que a proposta foi concebida "como uma utopia viável – que pretende ser um catalisador para novos projetos e ideias. O principal motivador por trás desse objetivo é permitir que os ecossistemas naturais e as invenções tecnológicas atuem em sincronia". "Essa nova abordagem para eventos temporários pode se tornar a base de um novo modelo de desenvolvimento urbano”, acredita.

O masterplan divide o local da Expo 2030 Roma em três áreas principais – a Cidade, o Boulevard e o Parque, em um layout entre o mundo artificial e o mundo natural que devem coexistir em harmonia em busca de um bem-sucedido combate às mudanças climáticas. O layout é caracterizado por uma transição gradual do urbano para o natural à medida que se move de oeste para leste. A cidade, no oeste, funciona como a Expo Village e, posteriormente, se tornará uma extensão do campus da Universidade de Tor Vergata. O Boulevard, um calçadão central que percorre todos os pavilhões nacionais. E, finalmente, o parque, a leste, coberto por vegetação exuberante e acentuado por edifícios temáticos, incluindo um pavilhão dedicado à divulgação do conhecimento sobre o mundo natural.

O CRA tem vasta experiência em projetos para Expos Mundiais. O escritório, por exemplo, desenhou o Future Food District para a Expo 2015, em Milão e o Pavilhão Nacional da Itália na Expo 2020 Dubai.