Arquitetura
Reformado, prédio do antigo supermercado das Bandeiras no Batel será empório gastronômico
Com projeto de Rubens Meister, o endereço na esquina da Avenida Batel com a Francisco Rocha ficou marcado por anos com o funcionamento do Supermercado das Bandeiras. Agora ganhará um novo empreendimento: o Bee. O. Imagens: Divulgação
A esquina da Avenida do Batel com a Francisco Rocha guarda um imóvel discreto, mas importante para o conjunto arquitetônico da rua, especialmente considerando a história das construções da região. O prédio, construído em 1967 com projeto de Rubens Meister — engenheiro que marcou o nome na história de Curitiba com projetos como o Teatro Guaíra, a Rodoferroviária e o Centro Politécnico –, e que por vários anos abrigou uma unidade do supermercado das Bandeiras (Lembrasul Supermercados), passou anos abandonado, foi arrematado em um leilão em 2014 e há cerca de 14 meses vem ganhando nova vida.
O projeto de reforma é do arquiteto Jayme Bernardo e vai respeitar a essência do projeto de Meister, com atualizações que permitirão a inclusão de um segundo piso. “Foi uma surpresa grande quando tivemos acesso ao projeto original e atestamos a autoria de Meister, não tivemos dúvida de que era necessário manter o legado de alguma forma. O ritmo e o desenho dos pilares em tijolos tem sua assinatura e este detalhe fizemos questão de preservar e evidenciar. Optamos pela estrutura metálica paralela a original e com isto mantivemos os tijolos maciços sem sacrifica-los com o peso de um andar adicional”, explica o profissional.
O empreendimento que será instalado no local se chamará Bee.O e segue o conceito de mercado empório com uma seleção de produtos fabricados em Curitiba e região, além de contar com produtos importados como massas e vinhos. Terá ainda um café e bistrô com um cardápio quer inclui brunchs e pratos a la carte. “Projetamos um ambiente bastante despojado e ao mesmo tempo refinado nos detalhes, na iluminação e na forma de apresentar os produtos. Optamos também por uma fachada neutra com um delicado desenho que remete a colmeia do conceito Bee (abelha, em inglês)”, completa Bernardo. O volume revestido em chapas repousa sobre uma base envidraçada e transparente que permite ao público contemplar o espaço antes mesmo de conhecer o interior.
Para o arquiteto Fábio Domingos Batista, estudioso da obra de Meister e que está organizando um livro sobre o trabalho do engenheiro, o antigo edifício reflete alguns conceitos projetuais do engenheiro, como a modulação da fachada. “Era um edifício com sensibilidade arquitetônica adequado à escala da Avenida Batel na década de 1960, mas não é o edifício mais significativo do Meister. Resgatar o antigo uso, com um super mercado atualizado, é também uma forma de preservar a memória urbana do local”, opina.
O autor do projeto de reforma completa a ideia explicando que a obra recuperou a área degradada e devolve-a para cidade de uma forma renovada e segura. “Não posso deixar de lembrar que há uma árvore emblemática no local que contribui para a integração com a paisagem. Mantê-la foi uma decisão que trouxe benefício tanto para os novos usuários do Bee.O quanto para os pedestres”, finaliza.