Todo imóvel antigo guarda um quê de charme e história. Ressaltar tais características foi a premissa do projeto desenvolvido pelo designer Eduardo Borges para um imóvel dos anos 1940 localizado na Rua Comendador Araújo, rua multiuso e endereço dos prédios “moderninhos” de Curitiba.
Batizado de “Apartamento 23”, o imóvel passou por um processo de “releitura”, nas palavras do profissional, que evidenciou características originais da planta ao mesmo tempo em que trouxe um tom cosmopolita ao espaço. A geometria retangular do apartamento de 97 m² foi mantida, mas algumas paredes foram removidas para promover a integração dos espaços, reforçada pelo piso de madeira que confere unidade aos ambientes.

Para instalá-lo, foi preciso remover o piso original de parquet do apartamento, que recebeu outra destinação e tornou-se o norte do projeto. Segundo Eduardo, isso aconteceu porque, após a retirada do revestimento, um restaurador constatou que as peças eram de imbuia dourada, madeira já extinta em todo o mundo. “Agora [ao invés do piso], eles podem ser vistos nas paredes da cozinha, como detalhes decorativos no lavabo e banheiro e na cabeceira da cama, por exemplo”, conta o designer em nota.
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Assim como os detalhes em parquet, o reboco é outro ponto que garante a exclusividade do projeto. A retirada dele para a atualização dos projetos hidráulico e elétrico destacou as inúmeras camadas de tinta sobrepostas nas paredes durante décadas, e que foram mantidas de uma forma inusitada. Isso porque a caliça foi peneirada e gerou uma espécie de agregado leve, quase branco, mas que manteve os pontos coloridos das tintas e foi utilizado na composição do novo reboco aparente. “Ou seja, o que cobria as paredes voltou a cobri-las novamente, agora como um elemento de destaque”, enfatiza Eduardo.

Materiais
O apelo contemporâneo do projeto é destacado pelas vigas em aço, instaladas nos espaços deixados pelas paredes removidas, de alvenaria estrutural, e pela divisão dos ambientes por meio de blocos vazados de concreto, em uma releitura dos tradicionais cobogós.
O projeto luminotécnico, inspirado no utilizado nas galerias de arte, traz iluminação focal aliada à geral, regulável por dimmer. “Há também uma iluminação especial, instalada de modo a marcar a divisão dos ambientes”, detalhe o designer. A privilegiada luz natural dos ambientes é a “cereja do bolo” do projeto, que aposta nos tons de cinza e azul na cartela de cores.
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