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Arquitetura
Projeto de interiores enaltece o design regional com abordagem contemporânea
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A combinação de elementos naturais com futuristas estabelece uma ligação entre a infância do arquiteto e seu “eu do futuro”. | Eduardo Macarios
No coração de Curitiba encontra-se um apartamento de 78 m² que transborda personalidade e estilo. É a casa de Nicholas Oher, da OHMA Design, que assinou o projeto da sua própria moradia, o “Apartamento Câncer”. A proposta faz referência ao signo do caranguejo, fortemente associado à intuição, aos sentimentos e às raízes familiares.

Com uma abordagem contemporânea de design, a decoração mescla tons quentes e frios. O destaque, porém, é para a cor Calcita Alaranjada, da Suvinil, eleita pela marca como a cor do ano de 2023. Ela simboliza a reconexão com os ancestrais, algo que estava em sintonia com o momento de Oher, que buscava uma reconexão consigo mesmo. Com o objetivo de criar um ambiente neutro, acolhedor e significativo, que pudesse refletir sua nova personalidade pós-pandemia, o arquiteto escolheu o tom alaranjado. “Eu quis trazer a memória afetiva da criança que eu era lá no interior do Mato Grosso, que nasceu da região do Pantanal”, explica Oher sobre os elementos da natureza presentes em seu apartamento.

O arquiteto traz um olhar vanguardista sobre o conceito de lar, explorando diferentes texturas, principalmente nas tapeçarias do artista Alex Rocca. O toque futurista se faz presente nos elementos metálicos, como a icônica cadeira Uape, projetada pelo Estudio Latino de Design, e nas elegantes cortinas da Mais Trasso. Sem deixar de lado sua paixão por história e patrimônio histórico, o apartamento fica em um tradicional prédio no centro de Curitiba construído nos anos 1980. A escolha revela o olhar atento do profissional sobre a história da arquitetura da cidade. “Como canceriano, valorizo cada fragmento de história, tanto pessoal quanto familiar, assim como o legado do próprio edifício. Por isso, optei por preservar as janelas originais, mantendo a essência arquitetônica do prédio”, observa.

Além disso, a inclusão de tons prateados conversa com seu “eu do futuro”, estabelecendo uma ponte entre sua trajetória pessoal e seu amadurecimento. “Os tons prateados no projeto simbolizam o futuro, sendo que minha maior referência é o renascimento, um momento que traz essa transformação de tudo que era opaco e neutro para uma explosão de elementos orgânicos e muito mais. Tanto na história quanto no projeto, essa ideia é transmitida”.

Mais do que um espaço para habitar, o “Apartamento Câncer” é um reflexo da jornada pessoal de Nicholas Oher. A mensagem que ele deseja transmitir é clara: o lar é uma expressão individual, um refúgio interno, que deve ser construído de dentro para fora. Através de seu projeto, o arquiteto estabelece uma conexão profunda com sua essência e celebra, em tons alaranjados, a autenticidade de quem se tornou.