Obra elegante e atemporal
Arquitetura
Prêmio Pritzker 2023 celebra atemporalidade do britânico David Chipperfield
Uma celebração da atemporalidade e da arquitetura que respeita o espaço e a cultura na qual ela é inserida. É assim que pode ser interpretada a escolha do vencedor do Prêmio Pritzker 2023, anunciada nesta terça-feira (7). O premiado com a mais alta honraria da área é o arquiteto britânico David Chipperfield, responsável por projetos como James-Simon Galerie, em Berlim, na Alemanha, e o Museo Jumex, na Cidade do México, no México.
Ao anunciar o vencedor desta edição da premiação, o júri descreveu o trabalho de Chipperfield como sutil, elegante e atemporal e destacou a reverência do arquiteto pelo ambiente natural e construído em que os projetos são inseridos, assim como pela história e a cultura desses locais, associando-a à ideia de sustentabilidade.
“Este compromisso com uma arquitetura de presença cívica discreta mas transformadora e a definição – mesmo por meio de encomendas privadas – da esfera pública, é sempre feito com austeridade, evitando movimentos desnecessários e evitando tendências e modas, o que é uma mensagem muito relevante à nossa sociedade contemporânea. Essa capacidade de destilar e realizar operações de design meditadas é uma dimensão da sustentabilidade que não tem sido óbvia nos últimos anos: a sustentabilidade como pertinência, não só elimina o supérfluo, mas também é o primeiro passo para a criação de estruturas capazes de durar, física e culturalmente”, escreveu o júri em nota.
Tom Pritzker, presidente da Hyatt Foundation, patrocinadora do prêmio, completou: “[Chipperfield] É confiante sem arrogância, fugindo constantemente da moda para confrontar e sustentar as conexões entre tradição e inovação, servindo à história e à humanidade. Embora suas obras sejam elegantemente magistrais, ele mede as conquistas de seus projetos pelo bem-estar social e ambiental para melhorar a qualidade de vida de toda a civilização.”
Trajetória
Quarto britânico a receber o Pritzker (considerando o arquiteto italiano naturalizado britânico Richard Rogers, além de James Stirling e Norman Foster), Chipperfield se formou na Kingston School of Art em 1976 e na Architectural Association School of Architecture, em Londres, em 1980. Depois disso, trabalhou com importantes nomes da arquitetura britânica, como Douglas Stephen, Norman Foster e Richard Rogers antes de criar seu próprio escritório homônimo, em 1984.
No Reino Unido, seu primeiro projeto foi o River & Rowing Museum, mas Chipperfield sempre teve uma prolífica carreira no exterior – tanto que seu escritório tem unidades em Londres, Berlim, Milão, Xangai e Santiago de Compostela (onde desenvolve pesquisas e projetos para preservação da natureza) e que alguns de seus trabalhos mais conhecidos ficam em países como Alemanha (reconstrução do Neues Museum), Japão (Capela e centro de visitantes do cemitério de Inagawa), México (Museo Jumex), Itália (restauração do Procuratie Vicchie) etc.
O trabalho rendeu prêmios como o RIBA Royal Gold Medal (2011), o Prêmio de Arquitetura Contemporânea Mies van der Rohe (2011) e a Medalha Heinrich Tessenow (1999). Ao mesmo tempo, a experiência fez com que o profissional se tornasse um defensor cada vez mais ferrenho de uma arquitetura que se conecta com as reais prioridades da sociedade e serve a todos.