Uma das principais produções do cinema brasileiro no ano, o filme Aquarius, estrelado por Sônia Braga, tem em sua história a luta da personagem por manter-se no apartamento onde passou boa parte de sua vida e que está na mira de uma constutora que pretende implantar um novo empreendimento no local.
Batizado de Edifício Aquarius nas telas, o prédio onde se passa o filme é o Edifício Oceania, um dos últimos remanescentes residenciais da arquitetura multifamiliar do século 20 do Recife. Apesar de sua raridade, a capital pernambucana ainda permanece sem garantias reais de sua preservação.
Em 2003, uma construtora da cidade deu início à compra de apartamentos do edifício e exerceu forte pressão para que outros proprietários iniciassem o processo de negociação. A intenção era a demolição e construção de um edifício residencial “moderno” e de “maior apelo comercial”.
O pedido de tombamento foi elaborado pelo arquiteto Milton Botler no mesmo ano, e devidamente acatado pelo então Presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE) Paulo Souto Maior.
Apesar de a construtora ter desistido das intenções de demolir o edifício desde 2014, o “Oceania nunca foi transformado em Imóvel Especial de Preservação, e desta forma, a cidade permanece sem garantias reais de sua preservação”, sentencia o professor de arquitetura Múci Jucá da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) na página Prédios do Recife.
“O Oceania apresenta características tipológicas de uma fase de transição dos residenciais multifamiliar, neste caso, mais próxima da arquitetura de casas tradicionais do que edifícios construídos nas décadas seguintes”, explica Jucá na publicação.
O edifício data de 1958 e surge com um formato em “L”, com amplo pátio interno e com um afastamento frontal que oferece jardins típicos de casas aos apartamentos térreos, garantindo um ambiente superpeculiar.
