Em obras
Arquitetura
Por restauro, melhorias e mais segurança, Museu Paranaense faz primeira reforma em 20 anos
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Depois de duas décadas sem obras expressivas para manutenção de sua estrutura, o Museu Paranaense (Mupa), localizado na rua Kellers, em frente à praça João Cândido, está em processo de restauro e reforma. Os trabalhos no Palácio São Francisco, edificação de estilo eclético tombada pelo patrimônio cultural do Paraná, e em seus dois anexos começaram em dezembro e devem se estender até abril, quando o espaço deve ser entregue revitalizado e com uma nova passarela de acesso ao anexo 2. Enquanto isso, o museu continua aberto para receber visitantes.
“A necessidade e urgência de trabalhar nas instalações físicas do museu vem desde o início da nossa gestão – e era um desejo desde o início não fechá-lo para que as pessoas pudessem acompanhar o processo de perto”, conta a diretora do Mupa, Gabriela Bettega.
Além de preservar a sede da instituição e corrigir problemas decorrentes do desgaste natural dos prédios que o compõem, o projeto pretende adequar melhor os espaços ao uso museológico e educativo e a novas normas de segurança. “O museu é composto por três núcleos de edificações, o principal construído entre 1928 e 1929, o anexo adjacente, da década 1950, e o anexo 2, de 2002, quando o Museu Paranaense veio para cá. Nenhum foi construído para ser um museu, então era muito importante adequar a estrutura e fazer melhorias”, reforça.
O projeto – que começou a ser desenvolvido em 2019, com um diagnóstico da situação de cada prédio – envolve três pilares: restauro, reforma estrutural e adaptações de segurança. O primeiro tem foco na recuperação da fachada, das venezianas, do muro perimetral e das cercas de madeira que compõem o muro. Para a execução adequada, respeitando as características originais do prédio tombado, foram utilizadas técnicas como termografia e análise laboratorial do reboco.
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“Na termografia, um drone com um sensor faz uma varredura nas fachadas. Pela variação de temperatura, ele detecta as áreas com prováveis infiltrações para que possamos corrigi-las. É uma técnica avançada que foi muito importante, porque também nos ajudou a detectar alguns reparos anteriores com material não compatível”, conta a arquiteta responsável técnica pelo restauro parcial do projeto, Haline Ledermann. O trabalho não prevê a refação desses reparos, mas o mapeamento é importante para a atual e futuras obras.
A análise laboratorial, por sua vez, foi feita para identificar os componentes da argamassa da época da construção dos edifícios para que ela pudesse ser reconstituída da maneira mais próxima possível. Também foram feitos vários testes de cor para garantir fidelidade ao tom original.
“No caso das venezianas, que foram retiradas para restauro, o processo tenta recuperar ao máximo a madeira original, para que não seja necessário fazer muitos enxertos”, conta Gabriela.
Reforma estrutural e segurança
No âmbito estrutural, a reforma implantará uma novidade: uma nova passarela de acesso ao anexo 2 do museu. “Vamos refazer a estrutura da passarela, que vai receber uma pele de vidro e sistema de ancoragem por spiders”, detalha a diretora do espaço.
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Além disso, o projeto prevê melhorias no teto, para solucionar problemas de infiltrações, revisão dos quadros e circuitos elétricos, principalmente no edifício tombado.
Outro ponto será a implementação do plano de segurança aprovado junto ao Corpo de Bombeiros em 2019, necessário para garantir que trabalhadores e visitantes do espaço estejam seguros contra eventos como incêndios. “Teremos também acessos controlados às áreas de reserva técnica, que são o nosso cofre, e ao laboratório”, diz Gabriela.
Ao todo, serão investidos R$ 3,4 milhões na reforma e restauro, recurso obtido por meio do Programa Paraná Competitivo.
Palácio São Francisco
Construído entre 1928 e 1929 pelo arquiteto e engenheiro Eduardo Fernando Chaves, o Palácio São Francisco foi inicialmente a residência da família do fazendeiro e empresário do ramo frigorífico Júlio Garmatter. Inspirado na Casa Rasch, construída em 1913 pelo arquiteto berlinense Hermann Muthesius em Wiesbaden, na Alemanha, o palacete conta com aproximadamente 1.500 m² divididos entre dois pavimentos, subsolo e sótão.
Em 1938, o edifício foi adquirido pelo Interventor do Paraná, Manoel Ribas, e passou a ser sede do Governo Estadual, uso que manteve até 1953. Foi nessa época que ganhou o nome que carrega até hoje, referência às Ruínas de São Francisco, localizadas na Praça João Cândido, em frente à edificação.
Com a transferência do governo estadual, foi cedido ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná que ali permaneceu até 1987. Foi neste período que ganhou o Anexo 1 e, depois dele, que foi restaurado e tombado. O Anexo 2 foi construído em 2002, para que o conjunto de edifícios pudesse abrigar o Museu Paranaense.