Arquitetura
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Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza tem a terra e a reflexão sobre passado e futuro como conceitos
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Será aberto neste sábado (20), o pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália. Sob o título Terra, o espaço propõe o desenho de futuros possíveis a partir de ressignificações do passado nacional.
Para além do conceito, o elemento natural estará presente fisicamente no espaço expositivo, uma vez que o pavilhão será aterrado. O objetivo é colocar o público em contato com a tradição das moradias indígenas, quilombolas e sertanejas, e também com a cultura dos terreiros de candomblé.
“Nossa proposta curatorial parte de pensar o Brasil enquanto terra. Terra como solo, adubo, chão e território. Mas também terra em seu sentido global e cósmico, como planeta e casa comum de toda a vida, humana e não humana. Terra como memória, e também como futuro, olhando o passado e o patrimônio para ampliar o campo da arquitetura frente às mais prementes questões urbanas, territoriais e ambientais contemporâneas”, contam os arquitetos e curadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares, em nota.
A referência às habitações populares brasileiras estarão presentes logo na entrada no pavilhão. Em destaque, os gradis com o símbolo sankofa - pertencente a um sistema de escrita africano denominado Adinkra, dos povos acã da África ocidental -, presente em grande parte das cidades brasileiras. O símbolo ainda está em linha com o conceito da participação brasileira na Bienal de Veneza de 2023 ao significar "olhar para o conhecimento de nossos antepassados em busca de construir um futuro melhor".
As galerias
A primeira galeria do edifício foi batizada “Brasília Território Quilombola”. O nome questiona o imaginário em torno da versão de que a capital do Brasil foi construída em meio ao nada, já que povos indígenas e quilombolas habitavam o local e eram retirados da região desde o período das Bandeiras, sendo deslocados para as periferias a partir da imposição da cidade moderna.
Assim, pretende-se jogar luz sobre paisagens e narrativas arquitetônicas colocadas à margem pelo cânone arquitetônico urbano, como a do Quilombo Kalunga (maior do país), localizado a 250 km da capital federal.
“Lugares de Origem, Arqueologias do Futuro” é o nome da segunda galeria, que destaca a memória e a arqueologia da ancestralidade a partir de práticas e saberes indígenas e afro-brasileiros sobre terra e território tendo seis referências como base. São elas: Casa da Tia Ciata, no contexto urbano da Pequena África no Rio de Janeiro; a Tava, como os Guarani chamam as ruínas das missões jesuítas no Rio Grande do Sul; o complexo etnogeográfico de terreiros em Salvador; os Sistemas Agroflorestais do Rio Negro na Amazônia; e a Cachoeira do Iauaretê dos Tukano, Aruak e Maku.
A Bienal de Veneza
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A Bienal de Arquitetura de Veneza abre as portas de sua edição 2023 neste sábado (20) com programação que se estende até o próximo 26 de novembro.
A edição deste ano irá contemplar 63 pavilhões nacionais, enquanto a mostra internacional contará com 89 participantes, sendo mais da metade deles vindos da África ou da diáspora africana, como forma de destacar, compreender e reverenciar a "complexa cultura fluida e emaranhada de descendência africana que atravessa o globo", nas palavras da curadora da Bienal de Veneza, Lesley Lokko.
Serviço
Pavilhão do Brasil na 18ª Mostra Internacional de Arquitetura -- La Biennale di Venezia
- Data: 20 de maio a 26 de novembro de 2023
- Exposição: Terra
- Comissário: José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo
- Curadoria: Gabriela de Matos e Paulo Tavares
- Participantes: Ana Flávia Magalhães Pinto; Ayrson Heráclito; Day Rodrigues com colaboração de Vilma Patrícia Santana Silva; coletivo Fissura; Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho); Juliana Vicente; Leandro Vieira; povo indígena Mbya-Guarani; povos indígenas Tukano, Arawak e Maku; Tecelãs do Alaká (Ilê Axé Opô Afonjá); Thierry Oussou; Vídeo nas Aldeias
- Local: Pavilhão do Brasil (Giardini Napoleonici di Castello, Padiglione Brasile, 30122, Veneza, Itália)
*Com informações do Archdaily Brasil