Com mais de cem capelas e paróquias, Curitiba é um convite para quem deseja conhecer a arquitetura e a história das igrejas espalhadas pela cidade. Na região central, inclusive, é possível delimitar roteiros a partir dos estilos arquitetônicos das edificações, como as neogóticas, por exemplo.

Seguindo as tendências europeias, estas construções começaram a ser erguidas na capital a partir da metade do século 19, com a chegada dos primeiros grupos de imigrantes, em especial dos italianos, poloneses, alemães e ucranianos, como lembra o arquiteto e urbanista Cláudio Forte Maiolino, diretor da Albatroz Construção e Restauro e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), na dissertação “A Arquitetura Religiosa Neogótica em Curitiba entre os anos de 1880 e 1930”.

“Estas igrejas são um fenômeno cultural trazido pelos imigrantes, que tinham o estilo neogótico como lembrança”, explica o arquiteto.

Entre as características desta arquitetura estão a verticalidade das edificações em detrimento da horizontalidade de seus espaços, fortemente representada nas altas torres das paróquias. O uso do arco gótico – arco com o centro elevado, formando uma espécie de ponta –, de vitrais coloridos e de inscrições em latim com fontes que rementem ao gótico alemão são outras marcas que distinguem as igrejas neogóticas.

“Mesmo tendo um modelo comum, cada uma destas edificações apresenta particularidades relacionadas à cultura da comunidade que a construiu”, acrescenta Maiolino.

Confira o roteiro que HAUS preparou com cinco igrejas neogóticas localizadas na região central de Curitiba. O trajeto pode ser feito a pé partindo da Praça Rui Barbosa em direção ao São Francisco ou vice-versa.

Localizada ao lado da Santa Casa de Misericórdia, a Igreja do Senhor Bom Jesus dos Perdões chama a atenção de quem passa pela Praça Rui Barbosa. O lançamento da pedra fundamental da igreja ocorreu em junho de 1907. Os sinos e o relógio da torre central vieram da Alemanha e foram instalados em 1933. Outra relíquia da igreja é um órgão de tubos, também alemão, contendo flautas de cinco centímetros a seis metros de comprimento e instalado no coro do prédio. A partir da década de 1960, sucessivas reformas fizeram com que a edificação perdesse parte de suas características originais, como as pinturas com motivos florais, que foram posteriormente recuperadas no restauro realizado na década de 1990.

A Igreja do Senhor Bom Jesus dos Perdões está aberta à visitação das 6h30 às 19h30 (de segunda a sexta-feira), entre 6h30 e 18h30 (sábado) e das 7h às 21h (domingo).

Ligada à comunidade polonesa, a Igreja Santo Estanislau está localizada na Rua Emiliano Perneta, nº 441, no centro de Curitiba. Não há registros exatos sobre quando a igreja começou a ser construída, mas estimasse que isto tenha acontecido no final do século 19, após a chegada do primeiro sacerdote polonês à capital. Em maio de 1909, mesmo com a obra não concluída em sua totalidade, o Bispo Dom João Braga entregou a igreja à comunidade. Em seu interior, é possível apreciar pinturas e vitrais coloridos, além do altar esculpido em madeira.

A Igreja Santo Estanislau é aberta à visitação de segunda a sexta-feira (das 7h às 11h30 e das 14h às 19h30), aos sábados (das 7h às 8h e das 17h às 19h30) e aos domingos (das 7h às 11h30 e das 17h às 19h30).

A Catedral é o maior edifício religioso construído no estilo neogótico em Curitiba, sendo composta por duas torres que alcançam 42 metros de altura. Localizada próxima ao marco zero da capital, na Praça Tiradentes, a Basílica foi construída entre os anos de 1876 e 1893 tendo como inspiração a Catedral da Sé de Barcelona. A autoria do projeto é atribuída ao arquiteto francês Alphonse Conde des Plas. No edifício, também é possível observar pinturas dos artistas italianos Anacleto Garbaccio e Carlos Garbaccio. Durante seu mais de um século de existência, a catedral passou por algumas obras, sendo a mais representativa delas a restauração concluída em setembro de 2012. A Basílica tem capacidade para cerca de 480 fiéis sentados, mas chega a receber mais de 1 mil pessoas nas missas de domingo.

A Catedral Metropolitana Basílica Menor de Curitiba pode ser visitada das 11h às 19h (segunda-feira) e das 7h às 19h (de terça-feira a domingo). Visitas guiadas podem ser agendadas pelo e-mail catedralcuritiba@gmail.com.

A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas teve sua construção concluída por volta de 1737, ainda no período colonial, e é considerada o edifício religioso mais antigo de Curitiba. No final do século 19, o prédio passou por uma reforma para a visita do imperador D. Pedro II à cidade que apagou suas características luso-brasileiras e lhe conferiu traços neogóticos. Assim como os demais edifícios religiosos, a Igreja da Ordem também passou por reformas que descaracterizaram seu estilo arquitetônico, recuperado na restauração realizada no final da década de 1970. Anexo à Igreja está o Museu de Arte Sacra, com um acervo que sintetiza as quatro igrejas do Setor Histórico de Curitiba.

A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas é aberta para visitação das 8h às 18h (terças e quartas-feiras), das 8h às 19h (quintas-feiras), 8h às 17h (sextas-feiras), das 8h às 19h (sábados) e das 9h às 19h (domingos). A igreja não abre as segundas-feiras.

A arquitetura marcadamente neogótica e a localização privilegiada nas esquinas da Avenida Jaime Reis com a Rua dos Presbíteros fazem com que a Igreja São Vicente de Paulo se destaque entre as edificações vizinhas do São Francisco. A paróquia, construída em 1932, também é um dos marcos da cultura polonesa na capital, tendo seus sinos doados por esta comunidade. Seu altar-mor, feito em mármore, foi dedicado ao santo que a batiza na década de 1940. A igreja é administrada pelos padres da Congregação da Missão Província do Sul, desde 1920.

A Igreja São Vicente de Paulo está aberta para visitação das 6h30 às 11h30 e das 13h30 às 18h30 (de segunda a sexta-feira), das 6h30 às 18h (sábados) e das 6h30 às 19h (domingos).