Arquitetura

Paredes quase abertas

Rodolfo Stancki
25/04/2013 03:30
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Parede desenhada em porcelanato, da Portobelo Revestimentos, se inspira na técnica dos cobogós

Típico de construções da metade do século passado, os elementos vazados – blocos abertos e desenhados – estão de volta. Eles eram restritos antigamente a ambientes quentes, que precisavam de ventilação. Mas hoje voltaram para casas, escritórios e restaurantes justamente por seu potencial decorativo.
Os cobogós, como também são chamados devido à junção das sílabas dos sobrenomes de seus criadores, Amadeu Coimbra, Ernst Boecjmann e Antônio de Góis, são genuinamente nacionais. O berço de nascimento foi Recife, nos anos 1920. A inspiração eram os muxarabis, paredes de madeira vazadas em estilo oriental, comuns no Nordeste durante o período colonial.
“Na época, a temperatura era muito alta em ambientes internos. Por isso era necessário climatizar o interior das casas, ainda mais no verão”, explica o arquiteto Ivan Wodzinsky. A moda pegou e os elementos vazados, feitos de blocos de cerâmica, concreto ou vidro, ganharam casas espalhadas pelo Brasil.
Retorno
Depois de desaparecer das fachadas – eles eram moda nos anos 1960 –, os cobogós reapareceram há pouco tempo. No Sul, que conta com contrastes maiores de temperatura, a invenção pernambucana virou decoração. “Fica muito elegante em casas. A estampa produz desenhos diferentes nas paredes, que ficam modernas”, comenta Wodzinsky.
Um dos responsáveis pela retomada dos elementos vazados na região é Alexandre Nobre, sócio da Elemento V, fábrica que produz cobogós de cerâmica em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Quando atuava como arquiteto, o empresário percebeu que existia uma ausência do material para suas obras. Aproveitou a deixa e fundou a fábrica.