Arquitetura

O custo-benefício da pintura externa

adrianoj
16/07/2010 03:01
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Residência no condomínio Grand Garden, da construtora LN: pintura projetada em tons pastéis | Diego Pisante

Trocar a pintura externa lisa por texturas e outras técnicas é cada vez mais comum na construção de casas, sobrados e prédios. Entre as opções disponíveis no mercado, o consumidor encontra quatro técnicas: grafiato (aplicado nas formas vertical, horizontal, cruzado e arredondado), pintura projetada, lisa e texturas, que podem ser finas, médias, grossas ou decorativas – com efeitos diversos como pedra, de aparência mais rústica, e romana, de resultado final delicado.
Antes de escolher a técnica, o mais importante é ficar atento para os benefícios entre custos e durabilidade, ou seja, aplicar o que é mais barato nem sempre é vantajoso. “O usuário tem de tomar a decisão de qual produto utilizará em cima do ciclo de vida, que tenha uma longevidade maior”, enfatiza o arquiteto, professor do campus Pato Branco da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e mestre em engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Osmar João Consoli.
Segundo ele, texturas como o grafiato são produtos criados pela indústria para resolver um problema estético e funcional, já que a técnica, cujo aspecto é “arranhado”, costuma ficar adequada mesmo em paredes com pequenos defeitos. A diretora da AND Construtora, Adriana Duarte, orienta que o emboço (popularmente conhecido por reboco) seja bem acabado. “O ideal é fazer com uma boa argamassa e mão de obra de qualidade para que a parede fique sem ondulações”.
Acompanhar o projeto da casa ou adequar a técnica aos materiais já utilizados na construção também é fundamental. Consoli afirma que a mistura de muitos elementos na mesma construção acaba contribuindo para problemas, inclusive na pintura, que pode durar menos do que a média (cinco anos para cores claras e de dois a três para tons escuros). “Tenho a preocupação de, no projeto, criar mecanismos para escoar a água da fachada, o que ajuda afastar a água da chuva de forma direta na pintura, conservando a cor”, explica.
Outra atitude fundamental antes de aplicar uma técnica de pintura externa é utilizar um selador. “Todas as pinturas devem ser seladas, isso segura toda a porosidade existente na parede. Se não selar, ocorrem infiltrações e a tinta dura menos”, diz a representante da tintas Kresil em Curitiba, Raquel Bacaleink. É ideal que o emboço, quando feito, leve impermeabilizante, colocado diretamente na argamassa. “Princi­palmente nas paredes que chamamos de ‘cegas’, que estão nas divisas e recebem muita chuva, é bom que leve o produto”, ensina Adriana. Existem, ainda, produtos que são aplicados no fim da pintura que servem para proteger a parede do sol e da chuva.
A qualidade da tinta é outro detalhe que deve ser observado pelo consumidor, que deve buscar marcas de referência no mercado, ler sobre a sua função química e conferir a garantia do produto.
Tipos
Uma das técnicas mais utilizadas, o grafiato é aplicado com desempenadeira de aço, que espalha o material, e com outra de PVC, para fazer os riscos. O rendimento é de, em média, quatro quilos de produto por metro quadrado e custa entre R$ 9 e R$ 12 com mão de obra. “A durabilidade do grafiato é muito boa. O único retoque que precisa ser feito é na cor”, salienta o proprietário da Remoplast Tintas e Revestimentos, Arthur Berlim.
Para fazer grafiato em uma casa de porte médio, o tempo de duração é de aproximadamente uma semana. “O único cuidado é com a chuva. Apesar de secar em poucas horas, se chover, o trabalho é todo perdido. Não faça a técnica em paredes úmidas, o produto é a base d’água e não vai fixar”, diz o proprietário da All Colors Indústria de Revestimentos e Tintas, Fabiano Silva. A única desvantagem do grafiato, segundo Adriana, é o acúmulo de poeira e umidade. “Mas isso é resolvido facilmente com lavagem.”
A textura simples, que tem um acabamento arenoso, é aplicada apenas com rolo de espuma fino, médio, ou grosso, de acordo com o gosto de cada um. “É uma técnica muito boa, fácil de aplicar, barata e a pessoa pode fazer sozinha”, diz Raquel. O custo médio do produto é de R$ 3,20 o metro quadrado sem o serviço, o que é barato em relação aos outros estilos e tem um acabamento delicado. “Assim como na moda, há um ciclo. O grafiato foi muito utilizado e já cansou um pouco. A tendência é que o liso e a textura mais fina comecem a aparecer mais”, opina Adriana, da AND.
O projetado é outra técnica bastante utilizada no mercado. A base da textura é o cimento e custa de R$ 10 a R$ 14 o metro quadrado, incluso a aplicação por um profissional. Fabiano Silva explica que o procedimento é parecido com a pintura de um carro. “O material vai dentro de uma pistola, que lança flocos, como se fossem de neve, na superfície. Depois, é passado um rolo de PVC liso para a finalização”. O procedimento em uma residência pode ser feito de três a quatro dias e, assim como nas outras técnicas, é necessário realizar apenas o retoque da cor.
A pintura lisa custa em média R$ 8 pelo serviço e R$ 5 do produto por metro quadrado. O que encarece é a preparação da parede, o emboço deve ser muito bem acabado. “Depois, é necessário três demãos de tinta. Como a maioria dos produtos vem com bactericida e impermeabilizante não é preciso passar outro produto”, esclarece Fabiano Silva. Nas paredes com texturas, Raquel indica um truque que faz a cor durar mais. “Compre uma tinta acrílica da mesma cor do grafiato ou textura e passe uma demão quando estiver pronto. O tempo de duração da cor quase dobra.”