Arquitetura
Casa do futuro, com apelo sustentável, é construída em parque de Morretes
Imagens: Divulgação
Para você, uma casa do futuro é o mesmo que uma casa sustentável? O Ekôa Park, parque que preserva parte da Mata Atlântica e promove educação ambiental na região de Morretes, quer provar que sim. Uma nova casa-viveiro está sendo construída para integrar as atividades do parque e busca, em todos os aspectos do projeto, inovações sustentáveis para servir de modelo para a arquitetura sustentável.
Também chamada de biocasa, a ideia é construir um espaço que vá servir para cursos e oficinas — mas que possa ser replicado com poucas adaptações como uma residência para uma ou duas pessoas. “Quando a gente fala de sustentabilidade, não adianta pensar em tecnologia — tem que pensar no nosso modo de vida, no nosso comportamento daqui pra frente, para que o impacto ambiental seja reduzido até ser convertido em aspectos positivos”, afirma o arquiteto Tomaz Lotufo, que assina o projeto junto de Flávia Burcatovski, ambos do escritório Sem Muros Arquitetura Integrada.
Os destaques do projeto são a utilização de materiais de baixo impacto ambiental na construção e na total integração da casa com a natureza ao seu redor. Na prática, isso quer dizer que a casa estará conectada à horta, ao galinheiro e à composteira do parque, em um processo autônomo que vai desde a produção de alimentos até o processamento dos resíduos.
Ou seja: “Você come na cozinha [o que foi produzido na horta], o que você não come vai para as galinhas, as sementes vão para a horta e os resíduos vão para a compostagem”, explica Lotufo. Ele aponta, inclusive, que o banheiro é conectado ao sistema da composteira, transformando tudo em adubo orgânico em um processo feito na própria casa. “A casa é um microcosmo do que é uma floresta, com o ciclo completo”, destaca.
Na estrutura, os arquitetos apostaram na volta ao uso da madeira através de uma estrutura em caibro. Todos os produtos utilizados na construção também são biodegradáveis. A ideia é que, depois da construção deste primeiro protótipo, o processo construtivo seja fácil a ponto de “montar a casa” seguindo um manual de instruções para um futuro modelo residencial.
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A construção
Uma veia colaborativa também é parte integrante do projeto. A casa está sendo erguida em parceria com o projeto World Life Experience, no qual 11 voluntários de diferentes nacionalidades auxiliam na construção do viveiro em troca de hospedagem e alimentação.
Tatiana Perim, diretora do Ekôa Park, explica que a iniciativa vem ao encontro dos interesses da instituição. “Quando o parque nasceu, em março, essa estrutura estava no projeto, e a ideia era construir a muitas mãos. Alguns meses atrás [o projeto] nos procurou, e a ideia de trazer um grupo com pessoas de todo lugar do mundo casou perfeitamente”.
A construção das estruturas acontece de 21 de outubro a 2 de novembro. Nos dias 2 a 4 de novembro, o parque promove um curso que ensina técnicas sustentáveis com o objetivo de finalizar a casa. Entre elas, estão técnicas de terra crua (adobe, adobe africano, hiperadobe, taipa de pilão), madeiramento e o “rocket stove”, um tipo de fogão a lenha. A coordenação da obra fica por conta de Marcelo Pereira dos Santos e Thiago Coutinho, do coletivo Low Construtores.
A região reservada para a construção fica em uma área específica do parque, chamada Tekôa — que, no Tupi Guarani, significa comunidade. “É uma área do parque que pensa no conjunto de pessoas trabalhando pelo bem comum, testando tecnologias. O fazer e o saber se encontram”, conta Perim. “Essa área defende trabalhar com a natureza, e não contra a natureza. Diante disso, todas as decisões foram tomadas levando em consideração as peculiaridades da mata atlântica”.
O curso “Construindo uma vida integrada – Arquitetura e ecologia” tem o investimento de R$ 750 e vagas limitadas. Para inscrições e mais informações, envie um e-mail para agenda@ekoapark.com.br. O Ekôa Park fica na Estrada da Graciosa, km 18.5, em Morretes (PR).