Arquitetura

Notre-Dame corre risco de desabar por completo, dizem engenheiros

Luan Galani
29/05/2019 17:53
Thumbnail

Registro aéreo mostra os estragos causados à Catedral de Notre-Dame pelo incêndio de 15 de abril. Foto: The Art Newspaper/Reprodução

A Catedral de Notre-Dame, em Paris, corre risco real de desabar por completo. O alerta vem de quatro engenheiros da Universidade de Versalhes, da École des Ponts ParisTech e do Laboratório Navier, que conduziram um estudo independente após o incêndio de 15 de abril.
Liderados pelo engenheiro civil italiano Paolo Vannucci, da Universidade de Versalhes, o grupo de pesquisadores conclui que o fogo reduziu em 60% a força da estrutura. “Segundos nossos cálculos, um vento de 90 km/h já poderia fazer a catedral desabar, em contrapartida dos 222 km/h que era o limite antes do fogo”, escrevem. “A resistência pode ser ainda menor, devido à degradação do material e da presença das janelas e vitrais, que adicionam peso extra.”
Segundo o sistema on-line ‘meteoblue’, que mantém um registro das rajadas de vento em Paris, a média da cidade é de 19 km/h. Porém, algumas vezes por ano, principalmente em dezembro, janeiro, fevereiro e março, o vento chega a 61 km/h, o que representa um perigo mais consistente à construção da catedral.
André Finot, spokesman of the Notre Dame Cathedral in Paris, points out eroded masonry on the structure, Sept. 19, 2017. Rain, wind and pollution have battered the cathedral, which is seeking funds in France and in the United States to help pay for extensive renovations. “Everywhere the stone is eroded, and the more the wind blows, the more all of these little pieces keep falling,” he said. (Dmitry Kostyukov/The New York Times)
André Finot, spokesman of the Notre Dame Cathedral in Paris, points out eroded masonry on the structure, Sept. 19, 2017. Rain, wind and pollution have battered the cathedral, which is seeking funds in France and in the United States to help pay for extensive renovations. “Everywhere the stone is eroded, and the more the wind blows, the more all of these little pieces keep falling,” he said. (Dmitry Kostyukov/The New York Times)
O trabalho foi divulgado fora do meio acadêmico dia 21 de maio no periódico ‘The Art Newspaper’ pelo respeitadíssimo arquiteto italiano Francesco Bandarin, que por anos foi da diretoria da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e professor na Universidade de Veneza.
Paolo Vannucci estuda arquitetura gótica, é professor de mecânica das estruturas na Universidade de Versalhes e já havia feito um estudo de caso da Notre Dame, anterior ao incêndio, para entender com as catedrais góticas, com sua arquitetura específica, resistem aos ventos fortes.
A intenção dos pesquisadores é que o alerta ajude os responsáveis na tomada de decisão para reforçar as estruturas que sobraram da catedral, já que o desenho gótico se apoia especialmente nas colunas, no exoesqueleto de arcos, e não nas paredes.
Até a publicação desta reportagem, o governo francês ainda não havia se pronunciado. Confira o ‘paper’ dos pesquisadores na íntegra logo abaixo.

LEIA TAMBÉM: