Arquitetura

Museu do Centro de Curitiba vai ganhar café, nova cor e vidros com desenhos das antigas grades

Vivian Faria*
15/07/2019 11:00
Thumbnail
A tão aguardada reforma da sede do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC), que fica na esquina da rua Westphalen com a rua Emiliano Perneta, está a todo vapor. Iniciadas em maio, dois anos após o anúncio do projeto de restauro e oito meses após a transferência total do MAC para o Museu Oscar Niemeyer, as obras devem durar 18 meses e ficar prontas antes do fim de 2020, ano em que o museu comemora 50 anos.
O projeto propõe o restauro, a conservação e a atualização –  incluindo de aspectos de segurança e acessibilidade – de todo o complexo que compõe a sede, formado por quatro prédios: o edifício principal, de arquitetura eclética, construído em 1928 e tombado pelo patrimônio histórico do estado; uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP) que fica atrás dele, na rua Emiliano Perneta; e dois anexos na rua Westphalen.
Reforma do Museu de Arte Contemporânea do PAraná (MAC PR).<br>Curitiba, 18 de junho de 2019.<br>Foto: Kraw Penas/SECC
Reforma do Museu de Arte Contemporânea do PAraná (MAC PR).<br>Curitiba, 18 de junho de 2019.<br>Foto: Kraw Penas/SECC
“No caso dos edifícios tombados, vamos tentar resgatar aquilo que é mais autêntico neles, do ponto de vista histórico, formal e estético”, explica o arquiteto responsável pelo projeto Márcio Inocentti. Isso significa que, além de passarem por reparos necessários devido ao desgaste pelo tempo, o prédio principal e a UIP passarão por alterações para que características autênticas e que agregam mais valor a eles sejam reconstituídas.
Uma delas diz respeito à cor dos prédios: “Fizemos uma prospecção para orientar a cor – e aqui acabou dando amarelo ocre, mas não temos ideia da tonalidade exata”, diz Inocentti. O processo consistiu na análise das camadas de tinta do edifício principal para chegar à mais antiga. Além disso, considerou-se que a proposta cromática de edifícios ecléticos inclui de três a quatro cores diferentes. Assim, será usado um tom que se aproxima do ocre combinado a tons de verde – e ao marrom das portas e janelas.
As grades que circundam o museu também serão substituídas por uma versão contemporânea do muro que havia ao redor do prédio quando ele foi inaugurado. Conforme o arquiteto, a divisa seguia as características do ecletismo e era composta por pilastras e gradis bastante rebuscados. “O que estamos propondo são as pilastras com fechamento em vidro e o jateamento do desenho do antigo gradil, de uma forma contemporânea”, conta ele. O objetivo é não criar a noção de falsa historicidade.

Menor, mas mais espaçoso

Por dentro, as alterações devem ser mais sutis, já que os prédios foram bastante modificados com o passar dos anos. Fora a atualização completa do sistema hidráulico, elétrico, luminotécnico e de climatização, a reforma prevê a implantação de um elevador de carga e a abertura de um vão na parede lateral esquerda para ligação com a passarela de acessibilidade que virá do edifício anexo.
O anexo “dos fundos” passará apenas por revitalização. Por outro lado, o que fica em frente a esse – e ao lado direito do prédio principal, foi demolido e será reconstruído.  “Ele estava comprometido estruturalmente e também já não atendia o museu”, justifica Inocentti.
O novo prédio será em linguagem contemporânea, atenderá às normas de acessibilidade e será construído seguindo alinhamento do edifício principal do museu. Com isso – e com uma parede lateral de vidro, ele vai permitir uma melhor visualização do casarão da década de 1920.
O anexo vai abrigar, no térreo, um café e, nos outros andares, o setor de pesquisa e documentação do museu, assim como a reserva técnica. Embora o prédio seja menor em planta, ele terá quatro andares em vez de dois com pés-direitos altos. “Como ele vai ter quatro andares, o setor de pesquisa vai ficar mais bem acomodado”, afirma a diretora do museu, Ana Rocha. Com 22 mil pastas sobre artistas brasileiros e estrangeiros, o setor é constantemente visitado por pesquisadores de todo o país.

Novos usos

Além de corrigir problemas como o desgaste natural do edifício, infiltrações e infestações de cupins, a reforma deve permitir que os espaços do museu tenham novos usos. Para o prédio principal, o plano é continuar com mostras do acervo, mas em diálogo com exposições de artistas contemporâneos convidados.
“Para a sala Theodoro de Bonna, que sempre foi voltada à ocupação de artistas contemporâneos, a ideia é continuar com isso, mas tentar elaborar um edital para receber obras que sejam construídas especificamente para cá, que são as obras site specific”, explica a diretora do museu.
Outra ideia é incluir peças, shows e atividades interdisciplinares na programação para atrair novos públicos. “Sabemos que o público que frequenta museus é pequeno. Então, vamos trazer os apreciadores de teatro, de dança, de música. E agora que vai ter o café também, a proposta é diversificar a programação, sempre em diálogo com o acervo”, planeja a diretora do museu. Até lá, o museu seguirá com suas atividades dentro do MON.
*Especial para a Gazeta do Povo.

LEIA TAMBÉM: