Arquitetura
Os muros vazados de concreto que marcaram a Curitiba de outros tempos
Fotos: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo
Práticos, duráveis e charmosos. Esses três atributos definem os muros vazados de concreto pré-fabricado e ajudam a explicar porque eles se tornaram febre nas casas curitibanas entre as décadas de 1960 e 1980.
Compostos por um conjunto de placas (sendo uma ou duas lisas e uma com desenhos vazados) encaixadas em um pilar também de concreto, a rapidez de sua instalação era um dos fatores da preferência dos proprietários dos imóveis por este material.
“Se o cliente pedia o muro hoje, amanhã estava pronto, pois em um dia conseguíamos instalar cerca de 30 metros lineares”, conta Elias Schlottag, proprietário da Artefatos de Concreto Tubolar e um dos pioneiros no comércio dos muros em Curitiba, na década de 1960.
Tal facilidade refletia no preço do muro, que era vendido instalado pelo equivalente a cerca de R$ 80 o metro linear. Isto fazia dele uma opção interessante quando comparado às cercas de madeira, material mais utilizado no fechamento de lotes até então e que demandava mais manutenção.
“Metade dos clientes substituía a cerca de madeira pelo muro pré-fabricado. A outra metade comprava o lote e mandava cercá-lo. Como naquela época o tijolo era caro e não havia tanta mão de obra de pedreiros disponível, eles optavam pelo muro”, lembra o empresário João Vanderlei da Silveira, que cresceu vendo o pai, Manoel Pedro da Silveira, comercializar as peças que produziu por mais de 30 anos na Muros Maneco, fechada em 2015.
Desenhos vazados
O grande destaque dos muros pré-fabricados, no entanto, eram os desenhos vazados. Com motivos geométricos ou inspirados nas formas da natureza, eles eram talhados e fixados nas formas de madeira utilizadas na fabricação das chapas de concreto, que tinham de 1,6 m a 1,9 m de comprimento.
Cada empresa comercializava de três a cinco opções de desenhos, em média, que as diferenciavam da concorrência e permitam aos clientes “personalizarem” suas fachadas.
“O mais interessante destes muros [que têm cerca de 1,2 m de altura] é que eles marcam o período de uma cidade um pouco ingênua, pois não havia essa preocupação excessiva com a segurança, principal fator de não termos hoje muitos exemplares deles pela cidade”, resume o arquiteto Fábio Domingos Batista, da Grifo Arquitetura.