Arquitetura

Morre o arquiteto Cristiano Toraldo di Francia, um dos fundadores do radical Superstudio

Aléxia Saraiva
31/07/2019 18:58
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Di Francia é cofundador do conhecido movimento radical Superstudio. Foto: Divulgação

Faleceu nesta terça-feira (30) com 78 anos o arquiteto italiano Cristiano Toraldo di Francia. O arquiteto é conhecido principalmente por ser cofundador do movimento radical de arquitetura e design Superstudio, que promoveu instalações e exibições questionadoras nas décadas de 1960 e 1970.
Foto: divulgação
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O movimento, criado junto de seu colega Adolfo Natalini enquanto Di Francia ainda era um estudante da Universidade de Florença, denunciava o fato de a arquitetura do século 20 ter criado uma relação íntima com a indústria, unificando os modos de criação e padronizando as formas de construir ao redor do mundo.
Do design ao modo de construir as cidades, o Superstudio criticava a padronização das culturas.
Integrantes do Superstudio: Adolfo Natalini, Cristiano Toraldo di Francia, Piero Frassinelli, Alessandro Magris and Roberto Magris. Foto: Superstudio
Integrantes do Superstudio: Adolfo Natalini, Cristiano Toraldo di Francia, Piero Frassinelli, Alessandro Magris and Roberto Magris. Foto: Superstudio
Em uma de suas primeiras e mais notáveis exibições, “Superarchitettura”, realizada em 1966, já se nota o tom crítico adotado pelos profissionais. “Superarquitetura é a arquitetura da superprodução, do superconsumo, da superpersuasão do consumo, do supermercado, do super-homem, da gasolina superoctana. A superarquitetura aceita a lógica da produção e do consumo e trabalha para sua desmistificação”, afirma o manifesto, disponível no site do arquiteto.
Exposição de 1966. Foto: divulgação
Exposição de 1966. Foto: divulgação
Os pensamentos do grupo ganharam forma na arquitetura, no design, em objetos e em trabalhos teóricos, que foram apreciados em mostras que extrapolaram as fronteiras da Itália: Trienal de Milão, Bienal de Veneza, Walker Art Center (EUA) e Design Museum (Londres) foram alguns dos eventos e locais que receberam o Superstudio à época.
A partir de 1980, com o fim do Superstudio, Di Francia continuou seu trabalho independentemente. Em Florença, passou a trabalhar com a arquiteta Andrea Noferi. A partir de 1994, foi para a região de Marcas, no centro da Itália, e passou a trabalhar com Lorena Luccioni – com que se casaria em 1999.
Um dos trabalhos de Di Francia foram voltados a restaurar os centros históricos de cidades italianas, descrito como "uma série de projetos para acabar com o grito contínuo, mas hipócrita, das autoridades italianas sobre a decadência dos centros históricos", como afirma seu site. Foto: divulgação
Um dos trabalhos de Di Francia foram voltados a restaurar os centros históricos de cidades italianas, descrito como "uma série de projetos para acabar com o grito contínuo, mas hipócrita, das autoridades italianas sobre a decadência dos centros históricos", como afirma seu site. Foto: divulgação
Sua obra se estende por muitas áreas, de exibições de arte a sistemas de transporte público.  Essa pluralidade de atuações dialogou com a atuação acadêmica e docente de Di Francia, que desde 1974 passou por universidades da Europa, Ásia e América. Como professor adjunto, se estabeleceu na Universidade de Carmino desde 2011, onde lecionou até este ano.

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