Arquitetura
Melhor construção do mundo é uma escola brasileira com projeto de arquitetos curitibanos
Foto: Leonardo Finotti | rosenbaum arquitetura | 2017
Depois de terem sido escolhidos como os principais arquitetos emergentes de 2018 pelo Royal Institute of British Architects (RIBA), e terem levado uma coleção de prêmios internacionais ao longo deste ano, os arquitetos Pedro Duschenes e Gustavo Utrabo, do escritório Aleph Zero, foram coroados com o principal prêmio do RIBA: o Riba International Prize 2018. O anúncio foi realizado nesta quarta (21).
O título é um dos principais da área e é concedido ao melhor prédio do mundo segundo a instituição. O projeto responsável pelo feito é a escola e morada infantil da Fundação Bradesco construída na cidade de Formoso do Araguaia (TO), realizada em parceria com Marcelo Rosenbaum e Adriana Benguela.
Imersão com crianças: a construção do projeto
A escola tem 540 alunos de 13 a 18 anos e funciona em regime de internato. Aberta há quase 50 anos, ela tem 23.344 m² de área construída. Um dos objetivos dos arquitetos foi construir um ambiente que permitisse um modo de vida mais prático e confortável, facilitando o processo de aprendizagem.
Para isso, foram realizados workshops com os alunos para entender sua relação com a arquitetura. O processo levou cerca de 10 dias. “[O objetivo foi] tentar trazer as crianças pra perto e mostrar que a arquitetura em que elas vão morar não é algo distante. Isso é trazer às crianças a sensação de pertencimento do projeto”, afirma Utrabo.
Os resultados impactaram do desenho da planta ao material utilizado. Se antes os estudantes eram divididos em dormitórios de 40 alunos, com o novo projeto os quartos passaram a abrigar apenas seis. Foram utilizadas matérias-primas que conversassem com as paisagens do cerrado e que resgatasse as tradições da região, como tijolos de barro confeccionados na própria Fazenda Canuanã e madeira.
Utrabo ressalta a necessidade que o Brasil tem de uma arquitetura menos excludente e mais voltada a projetos sociais. “Só é possível fazer uma realidade melhor se a gente pensar em todos. Ao mesmo tempo em que [a arquitetura] tem esse trabalho quase árduo de criar barreiras, ela propicia a noção da liberdade. Esse tipo de projeto, que tem uma conotação social, é uma maneira de proporcionar momentos de liberdade de convívio em uma relação sadia”, explica.
O Riba
Sobre a o resultado do prêmio, o presidente do Riba, Ben Derbyshire, disse estar muito satisfeito com o reconhecimento dado ao projeto da Fundação Bradesco. “A Aleph Zero tem arquitetos com pensamento filosófico e reflexivo, enquanto Rosambaum já é conhecido por seu trabalho com comunidades locais. As moradas infantis proporcionam um ambiente excepcional, pensado para melhorar a vida e o bem-estar dos alunos, e ilustra o valor imensurável de um bom design educacional“, afirmou, em comunidado.
O júri do prêmio foi composto por um time de peso: Elizabeth Diller, Joshua Bolchover, Kazuyo Sejima, Gloria Cabral e Peter Clegg, todos grandes nomes da área. A escolha aconteceu entre os cinco prédios finalistas, que incluía, além da escola brasileira, um conjunto de dois prédios residenciais em Milão, um campus da Universidade Europeia Central, em Budapeste, e a escola de música Toho Gakuen, em Tóquio.
O projeto da Aleph Zero também já foi premiado pelo ArchDaily Building of the Year 2018, o Prêmio de Arquitetura Tomie Ohtake AzkoNobel e o Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura.
Veja mais fotos do projeto vencedor: