Abaixo o bege
Arquitetura
Maximalismo rouba a cena na CASACOR PR; confira 6 destaques
Gustavo Scaramella na CASACOR Paraná | Bia Nauiack
Paletas ricas em cores e texturas, clash de estampas, mix de materiais, muitos elementos. Os ambientes calminhos ainda têm vez na edição 2023 da CASACOR Paraná, mas uma série de acenos ao maximalismo traz frescor e vivacidade à mostra, em cartaz até o final de julho.
As apostas são ousadas, sem escorregar. Tem revestimento e tons escuros nas paredes, padronagens misturadas e sobrepostas nos tapetes, patchwork de pedra na bancada da cozinha... HAUS destacou 6 ambientes cheios de personalidade. Confira:
Manifesto Deca
O ambiente assinado pelo arquiteto Gustavo Scaramella traz o autocuidado como fonte de inspiração e cria um recanto pulsante e autêntico, rompendo com os padrões de um spa tradicional. O tom impactante fica por conta do mix & match de diversos estilos e ganha relevo com cores marcantes. Destaque para o piso em preto e branco, salpicado de estrelas de seis pontas, e a paleta cromática que mistura tons mais neutros (que aparecem em estampas em P&B e animal print) ao vermelho queimado, o verde claro, cítrico e saturado, e o lilás, criando uma atmosfera energizante e vigorosa.
Design, irreverência e arte reverberam pluralidade em face de uma base de linhas retas e puras. Camada interessante no ambiente é o jogo de contraste dos acabamentos foscos de louças e metais e de elementos inusitados que compõem o cenário aconchegante ao lado da lareira, revestida em cerâmica, e da banheira de imersão. Já o projeto luminotécnico, idealizado para reproduzir o efeito de “luz de velas”, destaca a luz quente e cria uma atmosfera intimista. Com uma proposta ousada, Scaramella dá vida a um ambiente plural e ímpar, que incentiva reavivar hábitos e rituais voltados à conexão interior.
Estar do Colecionador
Ambiente assinado pelo Estúdio Pantarolli Miranda, do designer Diego Miranda Leite e do arquiteto Zeh Pantarolli, o Estar do Colecionador mistura os estilos clássico e moderno e combina cor e arte para criar uma atmosfera harmônica, que evoca a sintonia entre corpo e morada, tema da CASACOR 2023. O ponto de partida foi a escolha da cor azul, que aparece em todas as paredes e no teto, e simboliza o elemento água, abundante não apenas no ambiente, mas também no corpo humano. “O tom faz referência, também, à água dos oceanos, que conecta os continentes, no espaço representados por adornos de diversas partes do mundo”, detalha Zeh Pantarolli.
O ambiente cria uma atmosfera acolhedora e familiar, graças a profusão de peças antigas e clássicas (fornecidas pela loja Coisas de Família) que evocam sentimentos de nostalgia e lembranças de infância. Ao mesmo tempo, a presença de mobiliário moderno traz um toque de contemporaneidade e inovação.
Casa Cucina
Bebendo de diferentes referências e estilos, a arquiteta Karolinna Venturi une um olhar contemporâneo a elementos clássicos para criar um ambiente vibrante. O grande destaque da cozinha é a ilha central, que apresenta um trabalho de marchetaria para criar uma bancada listrada com os mármores Branco Paraná e Preto São Gabriel. A combinação em P&B também aparece como pano de fundo para a composição, abraçando todo conceito do ambiente, da marcenaria da Bentec Móveis Planejados ao piso cerâmico da Atlas, em preto metalizado.
O contraste vem de uma cartela de cores ousada, com tons de framboesa, escolhido para parte da marcenaria, e de verde, que surge no uso de plantas e na própria paleta cromática, num esmeralda intenso que coloriu o teto em duas águas. O detalhe arquitetônico foi desenvolvido estrategicamente para auxiliar na ambientação do projeto. Segundo Karolinna Ventiru, a intenção é "proporcionar uma sensação de lar aos visitantes da CASACOR deste ano. Por isso, criei o teto, que remete a uma casa tradicional. Pensamos nos mínimos detalhes para transportar as pessoas para uma casa real e repleta de personalidade", completa.
Lounge VIP
O glamour dos anos 60 e 70 foi inspiração para o Lounge VIP, ambiente assinado pelos profissionais Ary Jacobs e Renan Mutao, do Studio Architetonika Nomad, em parceria com a designer Flavia Glanert. A sobreposição de camadas e elementos é protagonista no projeto, que proporciona uma verdadeira experiência sensorial aos visitantes, numa uma proposta ousada e elegante. O ambiente pretende aguçar os olhos e estimular a mente através do mix de cores, texturas e arte, abraçando a premissa do “mais é mais” na composição para provar que elegância não precisa ser sinônimo de neutralidade.
O jogo de cores e texturas começa com a tapeçaria da Botteh Handmade Rugs, ricamente estampada e sobreposta, criando um diálogo com a paleta cromática do mobiliário assinado, das obras de arte e objetos de décor presentes no espaço. O ambiente conta, por exemplo, com peças de Frank Gehry, Philippe Bestenheider e André Grippi, além de obras da Galeria de Arte Zilda Fraletti.
Materiais nobres são outro destaque. “Utilizamos diferentes padrões de mármore, metais dourados e paredes revestidas em fórmica de cobre para mostrar ao público que é possível – e necessário – fazer uso dessa pluralidade quando se pensa em criar um ambiente rico e diverso, sem medo de cansar”, explica Renan Mutao. Também marcam presença o couro (como revestimento das paredes, em MDF da Braspan) e o cristal de Murano (em mobiliário desenvolvido em colaboração pelos arquitetos e a designer).
Loft do Artista
Inspirado nas obras de André Baía, um expoente da nova geração de artistas visuais, o Loft do Artista é assinado pela arquiteta Adriana Cotrin, estreante na CASACOR Paraná. O espaço fluido, que prioriza a circulação, proporciona uma experiência imersiva e sensorial ao visitante. Na paleta escolhida, muita cor desde aos paredes (para a setorização de ambientes) até o mobiliário. As formas também ganham protagonismo, especialmente no contraponto entre a rigidez das linhas retas, que predominam, e a suavidade de peças com pegada mais orgânica.
O loft ainda é coalhado de referências diretas a Baía. Telas aparecem ao lado de materiais de trabalho que se tornaram peças importantes da decoração – caso da iluminação sobre a cama, criada a partir de lonas protetoras utilizadas no ateliê. Até o final da mostra o ambiente contará ainda com mais uma obra do pintor, que está em execução ao vivo desde que a CASACOR foi aberta ao público, em junho.
Hall de entrada
Um bônus para os murais do artista Rômulo Lass, já no hall de entrada da mostra. O borbulhar do sangue foi o ponto de partida para a criação das obras que abraçam o acesso principal da CASACOR. Segundo o artista, a instalação convida os visitantes a viajar pelo seu próprio interior em um “túnel de vasos sanguíneos” e refletir sobre o novo momento da humanidade, em que é necessária uma nova relação entre homem e natureza. Feitos com biomaterial a base de micélio (a parte vegetativa dos cogumelos), em parceria com a Mush, os murais são compostos por desenhos de círculos gráficos na proporção áurea em nuances de vermelho e evocam a sustentabilidade como reflexo da perfeição da natureza.