Arquitetura
Marco arquitetônico de Nova York renasce depois de quase ser demolido
Foto: Hiroko Masuike/The New York Times | NYT
Símbolo arquitetônico e turístico de Nova York, a estação Grand Central vai renascer como marco urbano. Diversos trens interurbanos que há 26 anos deixaram de passar pelo local, agora retomarão seus itinerários originais e passarão por lá.
A decisão foi anunciada recentemente por Veronique Hakin, diretora executiva interina da Autoridade de Transportes Metropolitanos, em uma tentativa de aliviar parte da pressão sobre uma outra estação, a Pennsylvania Station, que está sitiada por obras para reparos urgentes na infraestrutura.
Conhecida como portal das belas artes dos Estados Unidos, a estação é admirada pelo teto cheio de pinturas de constelações, que faz com que os viajantes sempre andem de cabeça levantada.
“Aproveite enquanto pode”, afirmou Kent L. Barwick, ex-presidente da Comissão de Preservação de Marcos Históricos da cidade e antigo presidente e diretor executivo da Sociedade Municipal de Arte, uma instituição privada, que vem lutando pela preservação da Grand Central desde a metade dos anos 1970, quando seu futuro parecia correr riscos.
Barwick se permitiu até sonhar um pouco. Ele imaginou que quando os passageiros do Vale do Rio Hudson redescobrissem o prazer de usar a Grand Central, poderiam dar um jeito de tornar algumas dessas mudanças permanentes.
“Essa poderia ser uma inconveniência temporária – como um desvio que leva você a passar por um bairro interessante que nunca havia visto da estrada – ou pode aos poucos convencer os passageiros e os funcionários de que é algo realmente bom”, diz Barwick.
Os nova-iorquinos nunca se recuperaram totalmente da demolição da magnífica Penn Station original do início dos anos 1960. Ela foi substituída por algo não muito melhor do que um labirinto de ratos, dramaticamente esmagada sob o Madison Square Garden. Esse ato de vandalismo cívico insuperável deu ímpeto à promulgação de uma lei municipal de marcos históricos que salvou a Grand Central de um destino parecido.
A rede de transportes Amtrak interrompeu os serviços interurbanos para a Grand Central em 1991 em nome da eficiência, tornando a vida mais fácil para passageiros que precisavam fazer conexões nos serviços da empresa na Penn Station. Apenas os trens da rota Metro-Norte permaneceram.
Sob a liderança de Peter E. Stangl, a Autoridade de Transportes Metropolitanos fez um acordo em 1993 com o restante da Penn Central Corp. pelo controle do terminal, preparando o cenário para uma das mais extraordinárias reformas que a cidade já testemunhou.
A firma de arquitetura Beyer Blinder Belle elaborou os planos para a renovação e a restauração, que começou em 1995 e estava praticamente completa em 1998.
John Belle, principal arquiteto do projeto, não viveu para ver o retorno dos trens interurbanos para a Grand Central. No entanto, Maxinne R. Leighton, com quem Belle escreveu “Grand Central: Gateway to a Million Lives” (Grand Central: um Portal para um Milhão de Vidas), afirma estar satisfeita.
“O fato de a Grand Central estar mais uma vez acolhendo trens de longa distância neste verão tem seu próprio tipo de poesia”, diz ela. “Isso nos lembra da razão por que portais bonitos e acolhedores permanecem tão importantes para nossas cidades e para humanizar nossas experiências de viagem.”
*Com The New York Times.