Arquitetura

Quase centenário, exemplar icônico da arquitetura de madeira em Curitiba passa por restauro

HAUS
13/12/2018 17:43
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Fotos: Iphan/divulgação

Um dos exemplares mais representativos da arquitetura de imigração em Curitiba, a Casa Domingos Nascimento foi restaurada e teve sua obra entregue na tarde desta quinta-feira (13). Mais conhecido por ser a sede da 10ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Paraná (Iphan), o imóvel, localizado no bairro Juvevê, ainda ganhou nova biblioteca aberta à consulta pública e duas galerias para atividades culturais e oficinas de educação patrimonial.
Executada em duas etapas, a obra teve investimento total de R$ 1,8 milhão e contou, ainda, com a construção de um novo edifício anexo. Com 336 m² e estrutura de concreto armado e paredes de alvenaria, ele conta com terraço gramado, que serve de espaço de convivência, e passará a abrigar o acervo bibliográfico, fotográfico e audiovisual, a biblioteca (especializada no campo da preservação do patrimônio cultural) e salas de escritório para os setores técnico e administrativo.
Para marcar a inauguração, foram abertas duas exposições fotográficas. Uma delas traz fotos da casa em seu local de origem, o bairro do Portão, e do processo de mudança e restauração do imóvel. A segunda, intitulada “Saudade do Ninho”, é assinada pelo fotógrafo Washington Takeuchi e apresenta um registro das casas de madeira de Curitiba e Região Metropolitana.

A casa

Datada do início dos anos 1920, a casa foi inicialmente erguida em uma chácara localizada no bairro Portão, na esquina das ruas Guararapes com a Vital Brasil, e servia de residência da família do major Domingos Nascimento Sobrinho, delegado-chefe de vigilâncias e capturas, cargo que atualmente equivale ao de secretário de Estado de Segurança Pública.
Adquirida pela então SPHAN- Pró Memória, em 1984, ela foi transladada para o terreno no bairro do Juvevê, cedido pela prefeitura de Curitiba, onde passou a funcionar como sede do instituto quatro anos depois.
A preservação do exemplar de madeira – que remete ao legado da imigração europeia na capital – foi garantida pelo ex-superintendente do Iphan, José La Pastina Filho, que é arquiteto e especialista em restauro e preservação. Responsável por instalar a regional do instituo na capital no início dos anos 1980, ele viu a propriedade e não hesitou em adquiri-la para receber a sede.
“Estava em uma viagem para a Lapa quando vi a casa. Conversei com os herdeiros e negociamos a compra da construção por um preço módico. Então, saí à luta para conseguir um terreno para instalá-la”, lembrou La Pastina em entrevista à Gazeta do Povo em fevereiro de 2015.

Quebra-cabeça

A desmontagem e reconstrução do imóvel durou cerca de um ano e foi realizada pela técnica de levantamento métrico-arquitetônico, ou seja, todas as tábuas foram numeradas para que pudessem serem recolocadas em suas devidas posições. Dessa forma, a casa sofreu pouquíssimas modificações que a adaptaram para o uso institucional, sendo a mais representativa delas o acréscimo do andar de baixo, onde funciona o arquivo, inserido para resolver o declive existente no terreno.
Com forte influência da imigração europeia, a arquitetura da casa dá destaque ao amplo sótão, às varandas e aos adornos em lambrequins – recortes pendentes feitos de madeira que circundam toda construção. Em cada cômodo também nota-se a presença de barras decorativas com motivos frutíferos, florais e geométricos, modismo da época da construção, que dão a sensação de rebaixar o teto de quatro metros de altura. “A casa é um dos exemplares mais evoluídos da arquitetura popular da madeira do Paraná”, segundo avaliou La Pastina.

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