Arquitetura

Luxo é ser simples! Entrevista com o arquiteto João Armentano

Daliane Nogueira
07/07/2011 03:34
Thumbnail

“A ostentação ficou cafona”

Ele está entre os nomes mais respeitados da decoração no Brasil. Assina projetos de celebridades como Angélica e Luciano Huck, além de políticos e grandes empresários. Mais do que competente, João Armentano é um espírito inventivo, 24 horas por dia está criando. Para ele, a reciclagem dos mais de 25 anos de carreira se dá na atividade e curiosidade constantes.
Foi viajando pelo mundo, na companhia do pai, médico bem sucedido, que Armentano aprendeu a distinguir estilos arquitetônicos e compreender que a cultura determina o tipo de decoração. Ele costuma dizer que é arquiteto desde pequeno, quando se divertia ao entrar em construções, inspecionando o avanço das obras nas redondezas da casa da família, no alto da Lapa, capital paulista.
No intervalo de um dia de montagem do seu espaço na recém-criada Mostra Black, evento de alta decoração (saiba mais na Agenda da revista), ele atendeu a reportagem da Viver Bem Casa & Decoração e falou sobre o novo conceito do luxo e como morar bem.
Quando e como optou pela arquitetura?
Nunca vou me esquecer de um ensinamento do meu pai. Certa vez, eu ainda garoto, ele chegou para mim e perguntou: ‘meu filho, quer nunca trabalhar em sua vida?’ Eu respondi prontamente que sim. E ele completou: “dedique-se a uma profissão que você goste, assim nunca irá ter trabalho, terá prazer!’ Vamos combinar, ele era muito inteligente! Concorda? Pois assim, com esta dica, escolhi algo que me dá muto mais prazer, naturalmente, sem me esforçar. É um prazer vir ao meu escritório diariamente e mesmo nos finais de semana e feriados.
Como nasce um projeto ideal?
Um projeto nasce para mim bem completo. Visualizo a fachada, a relação do volume com o terreno, com o jardim e com o que meu cliente vai ver quando estiver sentado no sofá de seu living ou quando deitado em sua cama. Para mim uma boa arquitteura/decoração é um projeto completo.
Você é um dos arquitetos mais requisitados por famosos e empresários. O que você identifica como determinante para o sucesso no seu trabalho?
Saber ouvir meu cliente, me colocar a disposição dele para realizar o que é mais importante, o seu sonho. O maior valor do que recebo pelo meu trabalho é o brilho nos olhos das pessoas que confiam seus desejos à minha capacidade de torná-los tridimensionais.
O que considera bom e mau gosto?
Mau gosto para mim é falta de educação e planta artificial. Bom gosto é gostar do que se faz, é saber compor o novo com o antigo, identificando o que é de qualidade.
É possível decorar sem gastar muito? Por onde começar e no que vale a pena investir?
Dá sim! Devemos começar pelas peças maiores como sofás e poltronas. Depois os tapetes e cortinas e por último as obras de artes e objetos.
Você defende que os arquitetos deveriam explorar mais a identidade brasileira, sem copiar tanto o design europeu e americano. Qual é a sua identidade?
Minha identidade é a superação. É ir além! Não tenho necessidade de desenvolver uma espécie de carimbo, onde todos reconheceriam meu estilo. Procuro adaptar ao máximo o gosto do cliente à realidade da arquitetura contemporânea.
Seus projetos, até pelo perfil dos seus clientes, sempre estão permeados de luxo. No decorrer da sua carreia o luxo mudou?
Os conceitos mudam sempre. Hoje luxo para mim, é ter espaço, é viver com simplicidade, é desfrutar de um belo terreno, com jardins, luz natural. A ostentação ficou cafona.
Você busca originalidade em todos os projetos que faz. É difícil renovar-se sempre?
É preciso estar atento ao mundo. Busco inspiração no que me toca. Em uma viagem pode ser o olhar de quem passa, uma praça, uma bela edificação. No meu cotidiano vem da minha família, dos meus amigos, da minha cidade.
Em 1997, você trouxe com mais força para o Brasil o conceito de loft e projetou vários ao longo desses 14 anos. O brasileiro já assimilou este estilo de morar? O que é diferente na hora de decorar um loft?
Acho que o brasileiro gosta sim do estilo de viver do loft pois é despojado, livre e criativo. Na hora de decorar esse tipo de ambiente o importante se lembrar que as peças devam ser despojadas, com layout criativo, capaz de promover a integração total. O ideal é ter poucas e boas peças.
É comum querermos incluir sempre outras peças na decoração. Qual o memento de parar?
Decorar, redecorar é o ar que respiro junto com a arquitetura. Adoro mexer, melhorar, sou dinâmico e transmito isso no meu cotidiano, no meu trabalho e na minha casa. Para mim, o limite é quando passar a ser pesado, aquilo que antes era leve. É o olhar do próprio morador que faz essa medição.

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!