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Arquitetura

Lançamento projetado pela FGMF “reinterpreta” o Cabral com autenticidade e muito verde

Cristina Seciuk
26/11/2022 12:49
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Detalhe da fachada destaca “vazios” e verde característicos do projeto desenhado pela FGMF. | Divulgação/Neolar

O mais recente lançamento da Neolar Incorporadora em Curitiba traz a assinatura do renomado escritório de arquitetura paulistano FGMF, que desembarca pela primeira vez no sul do país esbanjando autenticidade e uma estreita ligação com a vizinhança escolhida para o empreendimento. Com muitos "vazios" e verde, a torre de 21 pavimentos (e 53 unidades) ocupará terreno de 1.328 m² na rua Belém, no Cabral.
Segundo o arquiteto Lourenço Gimenes, sócio da FGMF ao lado de Fernando Forte e Rodrigo Marcondes, as escolhas feitas para o Noar (como foi batizado o quarto empreendimento da Neolar) tratam de acolher características marcantes do endereço, de modo a pensar um projeto que nasce do lugar.
"Olhando em volta você vê que a matéria-prima [imobiliária de Curitiba] é meio que igual em São Paulo: um monte de arquitetura de má qualidade, genérica, um monte de commodity", criticou, para então completar: "a gente parte de uma outra premissa quando faz projeto. A premissa é: o que eu poderia fazer só neste terreno, só nesta insolação, com esta vista, para estes clientes, só para esta realidade de cidade. É a essência do nosso trabalho".
A partir desta lente, saltou aos olhos a arborização, que foi puxada da horizontal para vertical, ganhando a fachada. O traço local foi pinçado como uma espécie de elo de ligação.
"É uma característica desta rua ter vegetação. E, ao mesmo tempo, não é uma característica dos empreendimentos imobiliários convencionas nas cidades usar o verde como arquitetura. Por que não pegar esta característica e fazer com que o prédio seja uma extensão da rua neste sentido? [Fazer com que] o prédio possa contribuir com essa identidade e [com que] a própria identidade da rua possa trazer para o prédio um ponto de partida", detalhou.
Outra tônica prezada pela FGMF e recorrente nos projetos do escritório é a busca por espaços de transição, o "não-fora e não-dentro", como chama o arquiteto, numa ideia de borramento de limites. Segundo ele, o objetivo foi "criar esse rendilhado de experiências e de sensações, que vai do dentro para o fora de uma maneira sutil e progressiva. Você vai experimentando terraços, brises, elementos de sombreamento, pérgolas, cheios e vazios que, no final, são elementos construídos, mas que não é o espaço interno que caracteriza um apartamento convencional", compara. Conforme Gimenes adiantou para HAUS em 2020, o escritório trabalhou de olho em promover a relação do edifício com a paisagem urbana e as áreas externas, surgindo como complementar aos espaços públicos.
"Como se o mineral encontrasse o vegetal; o ortogonal, o puro e o preciso em contraste com o orgânico, o livre, o vivo. Ao mesmo tempo que a gente usa o concreto, a gente usa muito mais vazios do que cheios, então esses vazios conferem leveza, conferem uma leitura de precisão. Basicamente o prédio é feito de concreto aparente, plantas e vazios. É um prédio muito sintético, por mais complexo que ele seja do ponto de vista formal".
 Projeto do Noar pretende interação e conexão com o endereço escolhido, no Cabral. Foto: Divulgação/Neolar
Projeto do Noar pretende interação e conexão com o endereço escolhido, no Cabral. Foto: Divulgação/Neolar
Para dar materialidade à proposta, a opção foi por oposições (ou complementações). Como a ideia era trazer a vegetação como parte da arquitetura, Lourenço Gimenes relata que se aliou , então, o elemento vegetal (que diz respeito a uma sensação mais pura) a outro mais "bruto", que surge do uso do concreto aparente como a solução construtiva e de acabamento.
A vegetação aparece em canteiros e jardins privativos, beneficiados pela criação de pavimentos diversos entre si. A variação de plantas permite que haja diferentes volumes pela fachada, com mais terraços descobertos, com "vazios" também na vertical. "Você consegue enxergar a planta do pavimento de baixo, consegue permitir que uma árvore nasça, cresça e ultrapasse o limite da divisão convencional entre um apartamento e outro, de uma certa forma ele é muito fluido", avalia.

Arquitetura verde

Elemento de importância ímpar no projeto, a vegetação foi pensada em detalhe, com paisagismo assinado pelo renomado e premiado Ricardo Cardim. Foram escolhidas 31 espécies para dar verde ao projeto da FGMF, todas nativas.
Detalhe da fachada permite observar os "vazios" e vegetação marcantes. Foto: Divulgação/Neolar
Detalhe da fachada permite observar os "vazios" e vegetação marcantes. Foto: Divulgação/Neolar
Para Gimenes, a parceria foi fundamental para realizar a visão da FGMF, dando atenção não apenas à forma, mas também à adequação das espécies.
"[Tem] o que nos interessa primariamente, [pensando em] dimensões maiores, menores, se vai ser possível enxergar a vegetação fora, [se] não quero bloquear uma vista, [se] quero volume. Mais do que isso, ele [Cardim] consegue interpretar que espécies são adequadas tanto para Curitiba quanto para a face que recebe determinada qualidade de insolação, diferentes alturas, benefícios, como mais vento, mas sol. Foi um prazer trabalhar com a equipe do Cardim e, da mesma forma trabalhar com a equipe do Giuliano [Marchiorato] que fez a parte de interiores e que ajudou a transformar o projeto, a ser o que ele é de fato", afirmou

Cor local

O design de interiores do Noar foi projetado pelo escritório de Giuliano Marchiorato, também multipremiado e reconhecido como um dos mais inovadores da região.
Segundo Marchiorato, as características da visão arquitetônica da FGMF foram trazida para dentro da proposta traçada para interiores, de modo a "vesti-los respeitando também os princípios que se relacionaram muito bem entre as três [incluído aqui o paisagismo]". Ao lado da natureza nativa do Cardim, Marchiorato buscou estampar uma questão do pertencimento local e conexão.
"Na curadoria do design a gente foi muito certeiro em ter somente peças brasileiras, nas artes também são só artistas paranaenses, foi algo que a gente fez questão de trazer para este empreendimento", revelou.
O interior projetado puxa também a ideia de não ser só passagem, trazer bem estar, conexão e acolhimento. Aqui a opção foi pelo aquecimento da madeira, o elemento natural, o bruto da pedra, elenca Fernando Macedo, arquiteto do estúdio.
  Giuliano Marchiorato (à esquerda), Fernando Macedo (ao centro) e Lourenço Gimenes (à direita) durante o lançamento do empreendimento, em Curitiba. Foto: Divulgação/Neolar
Giuliano Marchiorato (à esquerda), Fernando Macedo (ao centro) e Lourenço Gimenes (à direita) durante o lançamento do empreendimento, em Curitiba. Foto: Divulgação/Neolar
As áreas comuns contam com relação generosa de lazer e serviços, com área de estar social, salão de festas e espaço gourmet, academia com equipamentos Adidas, parque de bolso liberado para pets, central de delivery, piscina coberta e aquecida, espaço de trabalho e reunião, playground indoor e bicicletário.

As unidades

O Noar terá 53 unidades. São apartamentos, casas suspensas e gardens, com 48 variações possíveis de plantas. Os apartamentos têm de 84 a 179m², com 1, 2 ou 3 quartos. Já as chamadas casas suspensas têm metragem que varia de 114 a 387 m², podendo ter 2, 3 ou 4 dormitórios. Por fim, a opção de casa garden tem 309 m² privativos e 3 quartos. Cada unidade conta ainda com 2 ou 3 vagas de garagem, acomodadas em três subsolos.
O edifício incorpora ainda soluções de sustentabilidade, como sistemas de captação e reaproveitamento da água de chuva e sistema solar de pré aquecimento de água quente e aproveitamento de ventilação e iluminação naturais.