Arquitetura
Com instalações lúdicas e interativas, projeto propõe Museu da Criança para Curitiba

Foto: Rafaella Senff Peixoto
Pintar, encostar, colar, esculpir e construir são verbos que parecem distantes de uma sala de exposições de um museu tradicional. No entanto, são palavras de ordem no projeto do Museu da Criança de Curitiba. Idealizado por Rafaella Senff Peixoto no seu trabalho de conclusão de curso em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Armando Alvares Penteado, em São Paulo, o museu tem como premissa trazer um espaço de aprendizagem alternativo para os pequenos, no qual possam aplicar na prática conceitos que veem na escola e onde toda a arquitetura é pensada para criar interesse.

O projeto prevê 12 salas de exposição, cada uma voltada a um eixo temático para crianças de 0 a 12 anos: artes, matemática, ciências, música, jardinagem, urbanismo, história, entre outros. A ideia é que cada uma tenha atividades interativas para diferentes faixas etárias, despertando o interesse pelo conhecimento de uma forma descontraída e genuína.
“A sala ‘Calculando no dia a dia’, por exemplo, aplica os conceitos de matemática. As crianças podem brincar de mercado, somando o preço dos produtos, dando troco, aplicando a porcentagem de desconto no que ela escolheu comprar. São vários níveis de atividades, para que cada um possa aprender no seu tempo”, conta Rafaella.

Na escala do minivisitante
O projeto do prédio do museu em si também é pensado para ser amigável. Rafaella apostou em curvas e cores para trazer um resultado mais orgânico, sem interferir tanto na paisagem local. Os corredores e rampas são transformados em espaços interativos, para não serem só áreas de circulação. “Com cores, a criança começa a achar o ambiente interessante e vai se localizando. Ela consegue se movimentar e se direcionar. O ponto é pensar na escala do usuário”, explica.
O museu também prevê um auditório a ser usado para atividades culturais para o público infantil, uma loja de souvenires dedicada a continuar em casa algumas das brincadeiras propostas no museu, uma biblioteca infantil e um restaurante na cobertura.

Inspirações internacionais e a versão curitibana
Rafaella despertou para a importância de um espaço interativo totalmente voltado às crianças depois que levou duas primas, então com três anos, ao Museu das Crianças em Miami. “Comecei a pesquisar e fiquei surpresa ao ver que é um conceito muito difundido no mundo. Nos Estados Unidos são mais de 250 espaços do tipo, e a Europa e a Ásia também estão criando os seus”, relata.
O Brasil, no entanto, carece deste tipo de instituição. “Curitiba sustenta a fama de capital modelo sustentável e cidade exemplo, por isso nenhuma outra seria melhor para receber o primeiro Museu da Criança do país”, comenta. A localização dentro da cidade também foi escolhida a dedo: Rafaella desenhou o museu no Centro Cívico, em um espaço que fica entre o Bosque do Papa João Paulo II e o Museu Oscar Niemeyer (MON).

“Busquei um terreno que fosse perto do MON para formar um eixo cultural e incentivar a criança a ir também a outros museus. Além disso, o bairro em si tem uma atmosfera de arquitetura. É uma maneira de aproximar as crianças e a população dessa questão”, detalha.
Seu objetivo, depois de finalizar os projetos dos interiores das salas de exposição, é apresentar a ideia do museu ao prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), e buscar investidores que possam levar a ideia para frente.